quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

E que venha 2010!


Ultimamente o meu excesso de trabalho está travando uma luta quase que diária com a minha inspiração. Durante o dia me vêm várias idéias de novos posts, alguns insights que acabo não anotando, certa de que serão transformados em catarse mais tarde e quando me dou conta, puft, sumiram da minha cabeça. O que era mesmo?

Hoje lembrei que o ano passado, entre minhas resoluções para 2009, trabalhar menos e cuidar mais de mim ocupavam o topo da lista. Adivinha se fiz alguma coisa pra melhorar isso? Deixei um dos dois empregos que acumulava, nem reclamei por ter perdido um frila, mas me afundei tanto no atual trabalho que sobrou muito pouco tempo pra cuidar das minhas coisas. Resultado disso? Casa e vida bagunçadas, zero de atividade física, menos lazer do que eu gostaria e muito, muito cansaço.

Não estou me queixando, nem devo, mas é pedir muito ter um tempinho pra mim, pra namorar, jogar conversa fora, arrumar um armário? As perspectivas para 2010, ano eleitoral, são de triplicar essa correria e assim deve ser, mas pela primeira vez não me sinto disposta a encarar essa bronca com serenidade. Me sinto cansada, irritadiça, e com uma forte e enjoada tendência para a rabugice.

Como os planos não devem mudar, estou torcendo para que consiga ter o final de semana tranquilo de folga e de descanso, pelo menos, e com direito a banho de mar para exorcisar as energias negativas e começar 2010 renovada para encarar o tirão!

A todos vocês, um excelente ano novo, repleto de sucesso e alegrias! E que ano que vem venha carregado de novos posts!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Vacina contra a má educação?


A falta de simancol de algumas pessoas tem me irritado ao extremo. Agora mesmo, ao subir no elevador, fui praticamente arremessada para um lado por uma mulher totalmente sem noção, que, aos gritos, tentava chamar a atenção de uma outra do lado de fora e, não satisfeita em gritar naquele cubículo cheio de gente, quis ainda se fazer notar pela amiga jogando o corpo todo para o meu lado.

Acham que se deu conta de que havia me prensado, que quase me deu uma bolsada ou que estava sendo pra lá de inconveniente? Nãnãnãnãnina. Nem se intimidou e seguiu gritando. Aliás, deveria haver um código de conduta para quem utiliza o elevador. Excesso de perfume, - 3 pontos. Falar ao celular no elevador, - 2 pontos. Puxar assunto com o desconhecido que está ao lado, - 4 pontos. Soltar pum nem está em cogitação!

Mas voltando à falta de simancol, tem gente que não se toca mesmo. No trânsito tem os que vêm cortando a torto e a direito. Fazem verdadeiro ziguezague pelas ruas, não têm educação alguma, trancam cruzamentos, esmagam outros carros e nem se incomodam ao serem repreendidos ao tentar chegar um pouco na frente a um mesmo destino. Os que jogam lixo pela janela do carro então são os campeões da falta de noção. E não pensem que essa extrema falta de educação é exclusividade de pessoas mais humildes não... geralmente são motoristas de carrão importado que jogam papel e toco de cigarro pela janela.

No ônibus a falta de educação impera também. Homem criado ceder lugar pra mulheres ou idosos, nem pensar. Já homem criado se esfregando na gente é o que mais tem, que nojo! E a falta de asseio? Poxa, país tropical, sol, calorão... um banho diário, um desodorante e um perfuminho não fazem mal a ninguém, certo? Tem gente que nem sabe o que é isso.

E os fumantes, então? Ganham -5 no quesito educação. Primeiro, por exporem os outros àquela fumaça indesejável. Segundo, por jogarem cinza e toco de cigarro nas ruas e por onde andam. O que mais me irrita ainda, além de fumante que fuma em banheiro público, é fumante que sai caminhando pela rua e nem tá com quem vem atrás. Quer fumar? Okay. Mas dá uma pardinha! As pessoas que tão atrás não precisam ficar expostas ao cheiro desagradável.

Casos de falta de educação alheia dão para encher páginas e páginas desse blog. Na realidade, a falta de educação é quase como uma praga, uma erva daninha, uma epidemia. Tomara que inventem uma vacina...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Consciência queimando?


Coincidências ou fluxo das coisas, enquanto ambientalistas do mundo inteiro discutem as mudanças climáticas na conferência da Dinamarca, os gaúchos passam frio em pleno dezembro e as chuvas matam em São Paulo, para falar das realidades mais próximas a mim. Pois hoje leio que um estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado lá em Copenhague afirma que o aquecimento global segue avançando e que a ultima década já é a mais quente da história.

Disso, não tenho dúvidas, e nem preciso ser especialista em meio ambiente para constatar que o sol está queimando mais, que o câncer de pele é sim um dos males mais silenciosos do Planeta e que um revertério climático de conseqüências continentais está em plena expansão. As chuvas não vêm mais de passagem, alagam cidades. Os ventos não são mais de refresco, mas sim de devastidão. As geleiras não mais protegem por tanto tempo devido à pressa do derretimento. O sol não apenas acelera a fotossíntese, fortalece ossos e nos dá energia, mas queima como nunca antes e transforma paisagens tropicais em novos e áridos desertos.

Os dados divulgados pelo mundo através da OMM também dão conta de que o ano de 2009 será, provavelmente, o quinto mais quente já visto na Terra, com temperatura 0,44ºC superior à média mundial dos últimos 30 anos, cerca de 14ºC a mais. Como exemplo mais próximo, esse ano já foi considerado o de outonos mais quentes da história do Sul do Brasil e de temperaturas acima de 40ºC na região central da Argentina, fatos antes inimagináveis, certo? Mas em nações mais distantes, como a Índia, houve ainda registro de onda de calor causando morte de centenas de pessoas em maio e a China registrou temperaturas de verão carioca no mesmo mês.

Claro que há explicação para tudo isso e a ação do El Nino (aquecimento anormal das águas equatoriais do Oceano Pacífico) é uma delas. Mas que a ação do homem contra a natureza tem colaborado negativamente para essas estatísticas, não há duvidas.

De certo é que ninguém pode se dizer surpreso diante das estatísticas de que o aquecimento tem superado, em muito, o que esperaríamos dos fatores naturais. Resta fazermos um exame de consciência e pensarmos o que devemos fazer individualmente para minimizar os danos causados à natureza e o que podemos esperar e cobrar dos nossos políticos, em pleno ano pré-eleitoral, nesse sentido. A consciência, além de pesar, começa agora a queimar...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Flashbacks


Já tiveram a sensação de ter perdido o timming em determinado momento da vida ou de passar por uma sensação de flashback? Não é dejavú não, é estar em algum lugar, fazendo determinada coisa, com determinadas pessoas e se lembrar de situação semelhante vivenciada anteriormente.

Dia desses tive uma tremenda sensação de flashback automática. Bum, lá estava eu, em determinado lugar e várias sensações me vieram à tona. Lembrei do dia, da roupa que eu usava, das pessoas que me acompanhavam e me deu uma certa melancolia. Não do que passou, porque quem vive de passado é museu, mas uma mistura de inconformidade pelo tempo que passou tão rápido e de alegria por ter vencido mais uma etapa e estar hoje levando a vida da forma que estou.

Não é clichê dizer que a vida é feita de escolhas e que elas determinam a nossa história. Mas quem já não se pegou pensando em como seria se tivéssemos tomado a decisão x, ao invés da y? Se tivéssemos deixado mais ou até menos a cargo do destino?

É engraçado, porém intrigante, pensar nisso, mas acredito que só pessoas muito metódicas conseguem traçar uma trajetória pré-determinada. Algo como estudar, casar, ter filhos, comprar apartamento, tudo com tempo calculado, com ações e riscos milimétricamente estudados. Eu, que não consigo nem planejar direito o que vou fazer amanhã, definitivamente não sou dessas pessoas e, cá pra nós, não as invejo nem um pouco.

Tem coisa melhor do que fechar os olhos e poder lembrar de uma grande bobagem cometida, de um beijo roubado, de uma compra que não deu certo, de uns porres que deveriam ser definitivamente apagados da memória? De um abraço apertado, de algum medo superado? Viver é isso, é ter do que se lembrar, do que chorar, do que rir copiosamente, é se envergonhar, superar obstáculos e ter, apesar disso tudo, leveza de espírito. Planejar, nem sempre, significa vivenciar.

Algumas pulgas sempre estarão pulando atrás das nossas orelhas, umas darão uma picada um pouco mais dolorida do que as outras, coçarão um pouco mais, mas não deixarão marcas insuperáveis. Somatizar ou não as lembranças, ficar paralisado por elas ou deixar que venham e sumam na mesma velocidade é que é a decisão de cada um

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Império das @rrob@s



Engraçado, ia mesmo escrever sobre a minha tardia rendição ao twitter, apesar de longa resistência, e cai em minhas mãos, ou melhor, em minha tela, um texto do Juremir Machado da Silva, jornalista gaúcho, com comentários a respeito.

Engraçado como a gente se envolve com essas coisas e, quando vê, não tem mais volta. Há, inclusive, uma certa cobrança contra a exclusão individual das redes de relacionamento. Eu, sinceramente, acho um pouco chato ficar abrindo orkut, facebook, twitter, myspace a toda hora, mas não nego que chega às vezes a ser bem divertido. Sem contar as facilidades de se relacionar e até a economia de tempo que se perde ao adotar a comunicação via clic do mouse.

Para as questões de trabalho são mecanismos extremamente eficientes e, no meu caso, funcionam exatamente como mais uma ferramenta, mais um meio de comunicação para vender meu peixe. Também são ótimos instrumentos para atualização de informações em um piscar de olhos.

A instantaneidade não tem mais volta, isso é fato! Agora, o que justifica milhares de pessoas perseguirem um artista, um comunicador, uma celebridade esporádica em todas essas redes? Será a necessidade de se sentirem próximos dos ídolos ou das personalidades que tanto admiram? Suprirem carências, necessidade de estar sempre up to date?

O texto do Juremir fala que o Luciano Huck e o William Bonner são os campeões de seguidores do twitter, com milhões de twitteiros online, que acompanham qualquer coisa que eles se dignem a postar. Ai, sei lá, isso me incomoda um pouco. Preferi adicionar os veículos de comunicação, pra ficar em dia com as manchetes, e os amigos chegados, pra ter mais uma forma de contato direto. Não me imagino adicionando a Preta Gil ou a Galisteu, por exemplo – nada pessoal contra elas! O que tenho pra falar com quem nem sonho em conhecer?

Por mais ferramentas que apareçam, a impressão que me dá é de que as pessoas estão ficando tão momentâneas quanto elas. Pá, trocam de canal, de site, de contato em um simples clic. Lêem só as manchetes, os títulos, as duas primeiras linhas em seus celulares, notebooks, no trânsito, em meio a uma reunião, na sala de aula, no trabalho.

Será o fim do papo cabeça, das discussões filosóficas? Ou um sinal de que, a partir de agora, tudo será esporádico ou rápido? Namoros, empregos, compromissos? Isso tudo me leva a achar que estamos é vivenciando a redenção do império das @rrob@s, isso sim!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Um salve ao Massaranduba!

Não costumo ser preconceituosa e acho que homem tem, sim, que se cuidar. Cara desleixado até pode ser charmoso, mas desde que eventualmente. Os metrossexuais estão aí, provando que cuidar do corpo e passar um cremezinho vez que outra, sem exageros, não fere a masculinidade de ninguém. Só que ultimamente tenho achado que as coisas estão passando um pouco dos limites.

Falo isso porque reparei que durante minhas três últimas idas à manicure tive pelo menos um colega masculino de cadeira. É, e de diferentes idades. Okay, até aí tudo bem. Cara ir à manicure para cortar as unhas e lixá-las, acho até legal, já que essas não são das tarefas mais agradáveis para serem feitas by yourself. Só que, devo confessar, acho de última homem que vai à manicure ajeitar pés e mãos e insiste em passar uma basezinha na unha. Pronto, falei! Acho horrendo!

Comecei a reparar nos tipos que adotam essa prática e me apavorei. Vi motorista de caminhão, taxista, frentista de posto de gasolina (juuuuro!), advogado, garçom, senhor de cabeça branca, etc. Isso prova que os homens estão preocupados, ainda bem, em manter a higiene e o asseio, mas, cá pra nós, não me imagino sendo tocada por uma mão com base na unha! Ai, não dá!

Pode parecer preconceito, não gostaria que fosse, mas não acho bacana. Já pensou daqui a pouco você trocando dicas sobre marcas e durabilidade de esmaltes com o seu próprio namorado? Bah, não dá!

Meu próprio comentário me fez lembrar daquele personagem truculento do Casseta e Planeta, o Massaranduba, que fazia questionamentos àqueles que suspeitavam da sua masculinidade, lembram? O bordão do personagem era “Você está obviamente duvidando da minha masculinidade?” Brincadeiras à parte, o Massaranduba com dois “s” pode até ser um pouco radical até demais, assim como minha opinião sobre a unha masculina pintada, mas o que seria do branco se todo mundo preferisse o pretinho básico, certo?

Por isso, graças a Deus, agradeço a existência do meio termo! Homens que se cuidam, se importam, gostam de asseio, perfume, roupas da moda, pero no mucho. Ninguém aqui gostaria de ter ao seu lado um verdadeiro homem das cavernas, mas pergunte a pelo menos três mulheres o que elas acham daqueles que pintam as unhas e tenho certeza de que a resposta não será muito diferente da minha humilde opinião. Um salve ao meio termo!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Má educação


A falta de educação alheia tem me incomodado a ponto de originar esse post. Não falo da má educação no trânsito, essa sim renderia um livro, com capítulos destinados aos que cortam os outros, aos que jogam lixo pela janela, aos que tascam luz alta na cara da gente, aos que não respeitam a faixa de segurança, etc.

Falo especificamente da falta de educação dos vizinhos em geral, aquelas pessoas com as quais não temos contato quase nunca, mas que dividem conosco um espaço em comum, seja na área do prédio onde moramos ou trabalhamos. Na minha opinião, esse tipo de relação tem tudo para ser pautada pela cordialidade, porém, nem sempre isso acontece.

Os exemplos começam no meu prédio, onde esses tempos alguém teve a cara de pau de chegar de madrugada e fazer suas necessidades na escada. É, não é piada, é a mais pura verdade. O pior é que eu havia sido a última pessoa a ser vista chegando pelo porteiro, o que fez gerar sobre mim a desconfiança da incontinência escatológica. Ah, faça-me o favor!

Explicações à parte, telefonemas e conversas pessoais com a síndica minimizaram a dita suspeita, pelo menos eu acho, e a história ficou por isso mesmo, com a escada interditada até a chegada da zeladora, munida de rodo e água sanitária. Eu mesma já fui personagem principal, certa vez, de uma carta do vizinho de baixo à síndica, reclamando do barulho que vinha do meu apartamento à noite. O vizinho reclamava que, diariamente, entre meia-noite e 4h da manhã, ouvia barulho vindo lá de casa... como se eu ficasse sempre acordada até essa hora! Ok, não entendi porque o vizinho - um idoso que eu nem conheço, diga-se de passagem - não veio falar diretamente comigo, mas tudo bem, maneirei no barulho, quando passava da hora de dormir, e há quase um ano não recebo nenhuma advertência. Outra situação que me tira do sério é alguém me ver cheia de sacolas e ser incapaz de segurar a porta para que eu entre. Enfim, regrinhas básicas da boa convivência quem, se seguidas à risca, fariam a vida da gente menos tumultuada.

Pois no corredor onde fica o meu trabalho, acontecem, vez que outra, algumas situações que beiram à falta de educação extrema. Os banheiros ficam no corredor e, volta e meia, quando estou prestes a entrar no dito cujo, alguém vai lá e pá, bate a porta rapidamente na minha cara. Não sei se foi aberta a temporada de caça aos mijões, mas não entendo o que ocasiona a corrida para ver quem entra primeiro no banheiro. Na boa, não entendo. Gente que fuma em banheiro coletivo, então, pra mim comete um dos mais graves erros de educação.

Mas o que mais tem me chamado atenção é a falta de cordialidade e, consequentemente, de educação das pessoas que simplesmente não sabem o significado de um bom dia, de um por favor ou de um muito obrigada. Ora, passamos mais tempo nos locais de trabalho do que gostaríamos, vemos diariamente os rostos das mesmas pessoas e acabamos nos familiarizando com aqueles que estão na mesma condição do que nós, fazendo serão, agüentando manifestante no corredor, filas para ir ao banheiro, etc. Por isso, não entendo o que faz alguém simplesmente não dar um sorriso, responder a uma saudação ou agradecer uma gentileza recebida.

Já perceberam que, geralmente, essas pessoas são enrrugadas, estão sempre solitárias, mantêm um semblante sisudo e até uma certa melancolia no olhar? Alguma razão para isso tem, não é mesmo?

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Por que namorar?


Volto e meia ouço amigos, de ambos os sexos, reclamarem por estarem solteiros ou por não encontrarem a dita cara-metade - se é que ela existe da forma como a gente tanto almeja. Também escuto alguns que se vangloriam de estarem sozinhos, felizes e desencanados com tamanha liberdade.

Pois é, namorar é bom demais, não que ficar sozinho também não seja. Só que são situações diferentes, cada uma com suas idiossincrasias, prós e contras. O certo é que quem é solteiro, por mais resolvido que esteja com isso, anseia em encontrar o sapato velho para o seu pé torto. Já quem está namorando, na primeira crise, pensa logo em como seria sua vida se estivesse solteiro. O ser humano é um insatisfeito convicto!

Conversas desse tipo, bem corriqueiras, me fizeram pensar sobre o que é namorar e o por que de tantos questionamentos, das mais diferentes pessoas, em torno do tema que, por si só, foi feito muito mais para ser vivido do que pensado. Não que eu tenha muita experiência com o tema, mas me considero feliz em meu pleno estado de namoro há pouco mais de um ano.

Como acontece na maioria das vezes, comecei a namorar sem querer e, quando vi, estava mais grudada do que bicho-preguiça ao tronco da árvore. E isso tem sido bom demais! No fundo, namorar é como passar por um teste a cada minuto, é preparação e ensaio para o (con) viver a dois. É também, sobretudo, um constante exercício de tolerância. Com os gostos, hábitos, vontades, defeitos e manias do outro e exige dedicação intensa e sedução diária.

Minha experiência própria me dá ainda segurança para dizer mais, que namorar é também cuidar do outro, compartilhar, apoiar, ouvir, dar colo. É ainda ter sensibilidade extrema, sentir falta por estar longe, aperto no peito, vontade de se livrar o quanto antes dos afazeres só pra estar com quem se quer.

Quem namora conta os minutos e os segundos. Não esquece o dia em que conheceu sua metade da laranja, comemora cada aniversário de relação e está sempre pensando em o que fazer para surpreender o outro. Namorar também é sentir saudade, brigar por coisas bobas, fazer as pazes deliciosamente e planejar. Um cinema, um jantar ou uma viagem juntos, não interessa, todos os momentos são megavalorizados.

O que muda, de pessoa para pessoa, é a disponibilidade para se doar, compartilhar e trocar tantas coisas com o outro. E, claro, essas não são tarefas das mais fáceis. Cada um deve é respeitar seu tempo, desencanar e viver da forma que melhor lhe convém! Afinal, antes só do que mal acompanhado, certo?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mulher invisível


O sumiço deveria ser considerado um direito Universal de todo o ser humano, não acham? Tenho pensado muito nisso e conversado sobre o assunto com uma amiga em especial.

Não falo daquela vontade de sumir que nos arrebata de vez em quando, dependendo de determinadas situações vividas ou até do estresse do momento, mas de um certo descontentamento com algumas rotinas das quais não temos, infelizmente, chance derradeira de nos livrarmos e que acabam por nos atormentar.

Sabe quando algumas ações cotidianas tornam-se verdadeiros estorvos? Quando dá aquela sensação de que não adianta mais brigar por alguma coisa, defender um ponto de vista ou simplesmente dedicar tanto tempo, massa cinzenta e saúde a uma determinada coisa? Pois bem, é nesse exato momento que a vontade de aderir ao sumiço toma conta de mim.

Lembram da Samantha, a indefectível feiticeira do seriado de tevê que encantava a meninada no início dos anos 80? Pois é, ela mexia o nariz e pá, sumia! Realizava o meu sonho em milésimos de segundos, com um simples e certeiro gesto. Geralmente era para ir atrás do marido, esconder-se da mãe ou consertar alguma das travessuras cometidas no período em que tentava se passar por “mulher normal”.

Pois essa tática, para mim, seria perfeita! Alguma coisa no trabalho empacou a ponto de querer largar tudo? Mexida no nariz! A casa está uma bagunça e o seu ânimo zero? Bingo! O trânsito parou e o engarrafamento parece que nunca vai diminuir? Nariz nele!

Sei que, na maioria das vezes, as coisas são bem mais simples do que parecem e saber enfrentar problemas não pode ser um bicho de sete cabeças. Mas, em outras, o sumiço torna-se quase que uma necessidade. Como se estivéssemos afundando no oceano e o sumiço representasse aquela subida à margem em busca de oxigênio.

Infelizmente, estou longe de ter os poderes da Samantha. Mas há horas tenho desejado praticar o sumiço. Não está muito fácil conseguir pôr meu plano em prática, mas sigo tentando!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Belezas cotidianas


A notícia do dia, que me pegou em todos os jornais, sites e redes de relacionamento hoje, não teria razão de ser, não fosse a ditadura da beleza condenar mulheres normais, como nós, que não vestimos manequim 36 e vivemos em dia com corpo e alma, apesar de algumas celulites, estrias e calorias a mais.

Pois bem, duas revistas femininas, uma americana e outra alemã, estão abrindo mão de exibir modelos anoréxicas e quase desprovidas de curvas em seus editoriais de moda e esperam, com isso, aumentar suas estimativas de vendas. Tudo bem, a iniciativa me agrada, claro, mas não o argumento.

Apelar para imagens de “mulheres reais” apenas para tentar vender mais não muda, em nada, o conceito de beleza que tentam nos empurrar desde que o mundo é mundo. O certo seria os editores de moda admitirem que, no fundo, o que todas nós queremos é, sim, nos identificarmos com a capa das revistas que mais gostamos. O que não acontece, atualmente, nem de longe.

Quem disse que o belo é ser magra, gorda, amarela ou ter olhos azuis? O conceito de beleza é diferente para cada um, graças a Deus, e depende também do que se quer pra si. Eu brigo com a balança desde que me conheço por gente, compreendo que as roupas caem melhor em um corpo com menos curvas, mas aprendi a me preocupar em estar e parecer saudável e isso não depende de estar mais ou menos encorpada, digamos assim.

Aliás, falando nissi, uma dessas revistas em questão chegou a divulgar que abusava do Photoshop para “encorpar” as modelos que participavam de seus editoriais para deixá-las mais "reais". Dá pra acreditar? Mais infeliz do que essa revelação foi o comentário de uma agente de modelos americana, questionando se as leitoras realmente prefeririam comprar revistas para ver mulheres comuns a “pessoas esteticamente belas”. Ou seja, nós, reles mortais, devemos nos jogar na frente do primeiro carro, já que somos, de acordo com a teoria dela, "esteticamente feias".

é muito alarde em torno desta questão, sem razão de ser, como ocorreu há alguns meses com a tão comentada foto de uma modelo acima do peso - que ostentava uma barriguinha saliente-, e que correu o mundo e gerou verdadeiras batalhas e questionamentos sobre os limites da beleza ou sobre o que é, de fato, belo.

O conceito de beleza tal qual nós conhecemos é, na realidade, unicamente fruto da mente humana, que a considera elemento essencial no processo evolutivo. Cabe, portanto, a cada um de nós saber definir nossa concepção a respeito do que é belo e, aceitarmos, ou não, o que vem nos sendo imposto como tal há tanto tempo.
E essa batalha só pode ser travada individualmente, por cada uma de nós.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Viagem fantástica


Manter viva a criança que está guardada em cada um de nós pode até não ser tarefa das mais fáceis, mas é pra lá de saudável, não tem como negar! Tive de me render e admitir quão prazerosa foi minha investida no cinema para assistir – depois de certa insistência do meu namorado – ao filme Up, a mais recente animação da Pixar, mesma produtora responsável por Monstros S.A.

A sedução já começa na entrada da sala, quando somos convidados a vestir os indefectíveis óculos 3D, responsáveis por nos conduzirem ao mundo mágico das cores e formas que só a computação digital pode oferecer! E, pasmem, o público- maciçamente adulto - se deixa levar e assiste a tudo com cara de criança espantada ou maravilhada diante da novidade.

O desenho conta as aventuras de Carl Fredricksen, um velhinho recém-viúvo que acalenta o sonho da esposa de se aventurar pelo Paraíso das Cachoeiras, localizado na América do Sul. Só que para bancar sua empreitada, Fredricksen abre mão de métodos de transporte tradicionais e, com a experiência de quem vendeu balões para crianças ao longo de toda a vida, faz a casa voar ao ser amarrada a milhões de balões coloridos.

O que o velho desbravador não imagina é que, por acaso, o menino Russel, um simpático e gorducho escoteiro de oito anos, fica preso na varanda da casa e acaba viajando à rebote para o Paraíso das Cachoeiras. Lá, em, meio a muitas aventuras, a dupla se junta para salvar a vida de uma multicolorida ave tropical, dribla a ferocidade de uma matilha e enfrenta adversidades vencidas só com muita união.

Realizado em parceria com a Walt Disney Pictures, o filme se tornou um dos maiores sucessos mundiais do estúdio e não é por menos. Com viés infantil, o filme é na verdade uma lição de vida para adultos das mais diferentes faixas etárias. Fala da tristeza de envelhecer sozinho, mostra como cada um lida com perdas, fala do descaso de alguns pais por seus filhos, da extinção de animais e da ganância do homem em querer fazer sucesso ou ser reconhecido a qualquer preço.

Sem dúvidas, um dos melhores filmes que vi nesse ano. Emocionante, leve, divertido e cheio de aventura. A maior lição que tirei foi a de que vale, e muito, a pena acordar a criança que deixamos adormecida dentro de nós, muitas vezes por bobagem. E que vale, sempre, acreditar nos sonhos, ter planos e saber levá-los com leveza!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

E a tampa da panela?


Derrubada por uma febre, passei um dia inteiro em casa, lendo, vendo televisão e fazendo quase nada. Pois nesse dia, um filme e um livro me inspiraram a questionar as cobranças que sofremos por parte da família, dos amigos, da sociedade e, pior ainda, de nós mesmos. Tema sempre recorrente em nossas vidas e, claro, também por aqui!

O livro aborda sutilmente o envelhecer para falar da importância de ligarmos para o destino. De dar bola para os sinais que vão aparecendo, para os sentimentos e para o que meu namorado chama de “fluxo das coisas”, deixando em segunda opção as cobranças que nos fazem, tantas vezes, desviar de caminhos, de histórias, de roteiros de vida.

O filme era bem bobinho, desses americanos que pareciam feitos sob encomenda para a televisão mesmo, mas levantava um bom debate sobre o futuro das mulheres. Por que cargas d’água, afinal, temos de casar, ter filhos, sucesso profissional e ainda por cima nos mantermos lindas e desejáveis- apesar disso tudo?

Passou dos trinta então, vira e mexe alguém pergunta: e aí, ta namorando, já casou? Ninguém quer saber se você conseguiu uma promoção, que está escrevendo um livro, que pagou a viagem dos seus sonhos, que está procurando apartamento. Tudo se resume a cobranças sócio-morais.

Se está namorando, morando junto ou casou, então, é batata. Passa-se para o estágio seguinte: quando vão ter filhos? Como se fosse uma obrigação tê-los, assim que achamos a tampa da panela. Ora, penso que se tivemos a sorte de achá-la, filhos devem vir depois de passearem muito juntos, depois de namorarem muito, de viverem, se conhecerem, de planejarem, e, claro, o mais importante, se quiserem.

No tal do filme, a protagonista se irritava com todas essas regras impostas e, ao cansar de receber convites de casamentos de amigas- cobertos de indiretas sobre quando chegaria a sua hora -, elegia uma data para celebrar o casamento consigo mesma, promovendo uma verdadeira festa de casamento sem noivo. É, claro que houve muita confusão, senão o enredo ia se esvair, mas a verdade é que, sim, não precisamos seguir as regras para nos sentirmos felizes e realizados. Tampouco ter vergonha de não desejar- pelo menos por enquanto - uma vida de comercial de margarina.

O par ideal é, como a palavra já diz, fruto de uma idealização. Pode vir a existir, mas também pode nunca aparecer. E nem por isso homens e mulheres devem parar suas vidas, vestirem-se de preto como se vivessem em luto eterno ou se considerarem menos afortunados do que os outros. Cada um vive da maneira que dá e o enredo não é estático, certo? Graças a Deus. E conhecer gente, lugares e situações é bom de mais, certo?

Portanto, em dias chuvosos e frios como o de hoje por aqui, quando o desânimo praticamente empurra a porta, devemos pensar que é uma dádiva poder olhar para a chuva, sentir o vento gelado no nariz e agradecer por estarmos na luta!

Se a panela está sem tampa, dá-se um tempo e segue-se em frente! Os outros, que preocupem-se mais com suas vidas! E se a panela tem tampa, a palavra de ordem é curtir e aproveitar o hoje, para, se for do fluxo das coisas, entrar feliz da vida no amanhã, certo? Sem cobranças.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Qual a melhor hora para apertar o botão?


Pela primeira vez contarei com a nobre colaboração de uma amiga nesse humilde espaço. Com alegria, recebi esse texto da Claudinha, meio que timidamente, porém no mesmo embalo dos que tenho feito e postado por aqui.

Como todas as mulheres na faixa dos trinta e poucos, ela também tem se questionado sobre os rumos da vida, sobre escolhas, incertezas, desejos e cobranças da sociedade. Queremos parecer modernas, mas nem sempre o somos. Queremos mostrar independência, mas no fundo estamos loucas por alguém que nos cuide, queremos investir na carreira, mas choramos em casamento até de novela, enfim.

Sentimental, como bem diz o título do post dela, todas somos. Umas mais, outras menos, depende até da TPM. Mas, a verdade é que nem nós sabemos lidar bem com o papel que temos desempenhado nessa sociedade maluca, individualista e materialista na qual crescemos e nos inserimos.

Se é possível equilibrar vida pessoal com carreira, maternidade com anseio por liberdade, planos individuais com casamento, ainda não sabemos. Mas nem por isso deixaremos de experimentar e nos deixar levar por aí, certo? A vida está aí para ser vivida. Por isso, temos de nos permitir e ter em mente que ela passa muito rápido e que mal dá tempo de apertar o botão do pause, certo?

Boa leitura e obrigada, Claudinha, pelo texto abaixo! Mande mais!!


Sentimental eu sou...
moderna, mas sentimental


Por Claudinha

Embalada por um blog de uma super escritora que conheço e que tenho o prazer de chamar de amiga, me empolguei em me aventurar a traçar algumas linhas.

Dia desses estava assistindo ao filme Apenas uma vez, uma linda história que fala de sentimentos, mas totalmente atual e moderna. É um conto de fadas onde, pasmem, a mocinha não acaba com o príncipe encantado. “O filme é muito bom”, normalmente é isso que escuto com quem comento e que também já assistiu.

O filme me fez refletir a respeito dos sentimentos modernos... como assim no “the end” o casal não fica junto? E as pessoas gostam?

Aos meus olhos a explicação é simples. O príncipe encantado e a princesa têm outras prioridades e o envolvimento emocional, o sentimento e até a química que rola entre o casal não são convertidos em casamento, tornam-se boas lembranças de uma nostalgia gostosa dali pra diante. Aí vem o capitalismo, os compromissos profissionais, as carreiras.

Apenas uma vez agrada por retratar uma história feliz, envolvente, onde os destinos se cruzam, mas seguem paralelamente, cada qual em sua faixa, sem final feliz como as comédias românticas estreladas por Julia Roberts.

Fiquei pensando em mim mesma, em algumas amigas que se identificaram tanto com o filme. Os sentimentos produzidos por nós resistem aos tempos modernos, mas diante desta mesma capacidade de amar, respeitar, amar mais um pouco e tudo mais, me vejo tendo que fazer escolhas cruéis entre minha carreira e minha vida pessoal com uma certa frequência que assusta.

Será que é possível ser feliz deste jeito? E quem disse que a felicidade está no equilíbrio? Tem que ser equilibrado? Acredito que o filme seja um conforto e uma resposta muito legal às quebras de paradigmas.

Gostei muito porque ajuda na reflexão de mulheres que, como eu, curtem uma solteirice, mas contam os minutos para a maternidade; que vivem sob stress profissional, mas não abrem mãos da carreira... Mulheres que sabem que é possível estar feliz em meio a toda essa loucura, nem que seja apenas uma vez.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Os nossos japoneses são bem melhores do que os deles


Que os nossos japoneses são melhores do que os deles, todo mundo está careca de saber. Tá, pode até parecer ufanismo meu, mas o fato é que os japoneses made in Japan me assustam. Me assustam com sua megamodernidade, com seus cabelos coloridos, com suas roupas exóticas e prédios futuristas e com aquelas carinhas de quem está sempre pensando demais.

Já escrevi algumas vezes sobre coisas que só eles poderiam imaginar e inventar, como a melancia quadrada, o morango gigante, e até me aprofundei no assunto, uma vez que tenho uma super amiga que mora por lá e contribui, vez que outra, com minhas divagações nipônicas. Pois nesta semana, os japas me surpreenderam mais uma vez.

Eu já sabia da existência do negócio, mas me espantei ao ler numa matéria que existem no Japão 10 agências de aluguel de pessoas, voltadas às mais diversas situações. Entendem isso? Quer ir à festa de final de ano da empresa e tem vergonha de assumir que está solteira? Bum! Contrata um falso namorado. Não quer encarar o aniversário da tia sozinha? Pá, aluga uma melhor amiga de infância. Não tem pai para participar dos jogos escolares do filho? Bingo, papai de aluguel! E assim por diante.

A tal matéria é ilustrada com o case de um cara que foi contratado para ser padrinho de casamento, daqueles de fazer discurso emocionado, de elogiar o casal, sua família, saca? Tudo isso sem não conhecer ninguém!! Tem noção?

O pior sem noção é o cara que paga por esse tipo de serviço. Quer dizer, paga para mentir pro mundo, fingir uma situação apenas para convencer os outros, não ser mal visto, não pagar mico, não se assumir como se é. Caraça, os japoneses são bem mais freaks do que eu pensava!

O texto sustenta o novo serviço, justificando que foi criado para suprir a aversão que os japoneses têm de contar seus problemas pessoais aos outros. Assumir que levou um pé na bunda, que não tem um grande amigo, que viaja sozinho nas férias tá fora de cogitação. Já mentir, pode, tá liberado! Mazááá japonesada!

Vou te contar, como conseguir reverter a imagem negativa dos japoneses aos olhos ocidentais, como defendê-los quando forem taxados por terem uma suposta “mentalidade estranha” e isolada do resto do mundo? Acho que os japoneses começam, de fato, a me dar medo ...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Observar é pecado?


Preciso dividir com vocês uma confissão. Já há algum tempo me percebi refém de uma sensação estranha, um prazer diferente que me atinge quase que diariamente. Minha nova mania, digamos assim, é observar os outros e, a partir daí, imaginar suas histórias e enredos de vida.

Sim, sou uma voyer. Assumo. Mas uma voyer de supermercado. É. A coceira me pega quando menos espero. Às vezes estou cansada, meio desanimada, em uma passagem rápida e extremamente necessária pelo supermercado, e aí é só olhar para o lado e pum, já me animo.

E não tô falando em olhar para os vizinhos de carrinho de supermercado, isso não, mas sim de vislumbrar e xeretar as compras alheias. Começo olhando sempre a quantidade de supérfulos e bobagens que mais me chamam atenção, aí vou empregando minha visão de raio laser, cada vez com mais atenção, e logo começo a imaginar quem estaria por trás daquelas caixas de toddynho, dos sacos e sacos de bolachas recheadas, dos quilos e mais quilos de salgadinhos, das latas de cerveja, etc.

Penso que seriam compras de pessoas solitárias, que acabam descontando a falta de companhia em bobagens. Geralmente homens na faixa dos 20, 30 anos, ainda com dificuldade de abandonar o paladar infantil.

Já quando as compras se limitam a congelados,hambúrgeres, cervejas e sorvete, quase sempre são de homens solteiros. Há ainda aqueles que compram grandes quantidades. São caixas e mais caixas de leite, sacos e mais sacos de farinha, pacotes e pacotes de molho. Aí imagino que sejam donos de lanchonetes ou restaurantes renovando seus estoques.

Ma os carrinhos que mais me animam são os coloridos e quase sempre empurrados por mulheres. Os recheados de frutas e verduras, iguarias que no fundo eu gostaria de consumir com mais regularidade, barrinhas de cereal, sucos, shakes e uma infinidade de produtos lights.

Também me interesso mais pelos carrinhos que têm exatamente as coisas das quais mais gosto... vinhos, queijos, frios, massas. Aí sempre penso que seus condutores seriam pessoas de bem com a vida, sem medo de pecar por uns goles ou garfadas a mais, entregues às boas coisas da vida.

Não sei o que me deu, de uns tempos para cá, pra virar uma observadora das compras alheias, mas desde então, tenho percebido que minha imaginação está mais aguçada. Os personagens que crio a cada ida ao super já dariam para encher as páginas de um livro de ficção.

Também já seriam suficientes para protagonizar contos, crônicas, esquetes divertidas. Quem sabe não saio da minha próxima visita a gôndolas e prateleiras com um livro na cabeça?

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ritmos sin fronteiras



Desde domingo tô para fazer esse post, apenas para comentar a maravilha do show Sin Fronteira, do qual tive o privilégio de assistir, dentro da programação do não menos maravilhoso Porto Alegre Em Cena, um festival de teatro, dança e música bacana aqui da terrinha.

Por conta da minha agenda maluca de trabalho, acabei não conseguindo comprar ingresso para nenhum dos espetáculos do Em Cena este ano, mas nos 46 do segundo tempo tive uma luz e consegui um par de entradas para esse show, na boca da bilheteria.

Fui assim, meio sem informação sobre o espetáculo, embalada pela cócega de estar de folga e querer um programa diferente com o namorado, e por gostar do trabalho do Vitor Ramil – embora o último show dele ao qual eu tenha assistido já faça uns 15 anos, mais ou menos. No entanto, a surpresa valeu o ímpeto!

O show reunia o Ramil, o gaúcho Marcelo Delacroix e os uruguaios Ana Prada e Daniel Drexler. Mais do que um espetáculo leve, alegre e divertido, foi uma celebração. No palco, o que se via era quatro amigos, brincando de fazer música e de entreter um teatro lotado.

Todos excelentes, acompanhados por uma banda brasiguaia também de alto padrão. Melodias e letras gostosas, comentários divertidos e até surpreendentes, como o fato de o show ter sido planejado e totalmente executado pelos cantores via e-mail, durante um mês de trocas de mp3. Antes das duas apresentações feitas em Porto Alegre, reuniram-se apenas três dias em um estúdio, para ensaiar e decidir quem cantava o que.

A voz de Ana Prada, o bom humor de Dexler e as músicas de Delacroix e Ramil casaram perfeitamente. Muito mais do que um simples show que passou, do que um momento de diversão, pra mim foi um aviso de que preciso, urgentemente, abrir minhas fronteiras e pesquisar mais sobre os hermanos uruguaios, que estão aqui, encostados na gente, mas menos celebrados culturalmente do que os argentinos.

Sin Fronteras, pra mim, foi a senha que eu precisava para despertar uma “uruguainidade” latente. Músicas, fotos, autores uruguaios já estão na minha lista. Agora só falta planejar uma ida a Montevidéu, para provar que nossas fronteiras estão cada vez más cerca de aqui!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Rio Feliz de Janeiro


Minha chegada ao Rio de Janeiro coincidiu com a divulgação de que a Cidade Maravilhosa lidera a lista das dez mais felizes do mundo, segundo uma relação da Revista Forbes. No ranking, depois do Rio, estão Sydney, Barcelona e Amsterdã.

Diante de todos os paradigmas e idiossincrasias que envolvem a capital fluminense, dividida entre suas belezas naturais e as desigualdades sociais, entre a alegria contagiante de seu povo e a violência latente, o título não poderia ser mais propício. Lembrei até de uma música que a gaúcha Adriana Calcanhotto fez em homenagem aos cariocas, que diz “Cariocas são bonitos, cariocas são bacanas, cariocas são dourados, cariocas são modernos, cariocas são espertos, cariocas são diretos, cariocas não gostam de dias nublados".

Pois bem, os cariocas, mais do que qualquer povo, exalam despreocupação, gostam de sol, esportes e têm sempre um sorriso largo no rosto, independente das condições, idades e locais onde vivem.

Por exclusiva falta de sol, no meu primeiro dia em meio aos cariocas, embarquei em uma viagem de descoberta do chamado Rio Antigo, como se referem ao centro, ou “cidade”. Em mais de quatro horas de caminhada, passando por prédios imponentes, como o da Biblioteca Nacional, o Museu de Belas Artes, o Jockey Clube, o surpreendente Real Gabinete da Língua Portuguesa, o Theatro Municipal e a tradicional Confeitaria Colombo, o que vi foram verdadeiros exemplos de ode à cultura, à memória de seus antepassados e à preservação da identidade de um povo.

O Rio tem o mar, a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Pão de Açúcar, o Corcovado, o Cristo Redentor, a Floresta da Tijuca e outras tantas belezas, mas tem principalmente um povo alegre e receptivo e uma política de preservação e humanização de sua identidade sem igual.

Problemas todas as grandes metrópoles têm. Basta saber dosá-los e saná-los de acordo com suas reais necessidades. Mas, apesar das dificuldades, no Rio de Janeiro a felicidade plena de sua gente e a beleza de sua paisagem nos faz acreditar que estamos, realmente, em um pedaço de paraíso. Há motivo melhor do que esses para se comemorar?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Mais perto da plenitude


O dia está cinzento, chuvoso, mas a notícia da chegada da Clarinha, filha da Luzinha e do Diego, iluminou minha quarta-feira! Menos de 12 horas antes de ela nascer, eu combinava um almoço, hoje, pra me despedir da linda barrigona da Lu, prevendo que a pequena não fosse esperar minha volta do feriado de 7 de setembro.

Qual minha surpresa quando ligo para combinar onde encontrá-los e me atende o mais novo papai, contando a maravilhosa novidade! Fiquei tão atordoada que nem perguntei em que hospital estavam, qual o tamanho da Clarinha, etc e tal. Só consegui ter certeza de que estão todos bem e mandar quilos de afeto da maneira que deu.

Desliguei o telefone e caí no choro, me emocionei porque a história dos dois é linda, o casamento foi tuuudo, porque estava junto quando descobriram a gravidez e porque, mesmo não tendo visto a Lu tanto quanto eu gostaria nesses 9 meses, a imagem que fica é dela linda, na praia, com seu barrigão e sorriso largo. Há alguns meses eu já havia escrito sobre a beleza e força que só as grávidas têm, inspirada numa visita que recebi dela no trabalho.

E hoje, quando a Clarinha veio ao mundo, fazem exatos oito meses do anúncio da gravidez. Nunca vou esquecer a festa conjunta, em pleno ano novo em Floripa! Não sou mãe, mas tive a alegria de ser tia emprestada mais de três vezes nos últimos meses e a serenidade que vejo nos olhos das mamães de primeira viagem me faz ter certeza de que não é pieguice dizer que ser mãe é, apesar de todas as dificuldades, estar mais perto da plenitude.

Não aflei que setembro será um mês daqueles, de começar com dois pés direitos? Vou aprender a confiar mais na minha intuição feminina!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Bem-vindo setembro!


Mais de vinte dias sem percorrer esse espaço, muita coisa veio à minha cabeça e renderia, sem dúvidas, ótimos posts. Nesse momento, no entanto, não consigo pensar em nada diferente de descanso, praia e total entrega ao acaso. Engraçado que o texto anterior falava justamente da necessidade de se deixar levar pelo o ócio, sem pensar em mais nada.

De fato, minhas três últimas semanas foram as mais corridas desde o início do ano e, por pura desorganização, acabei preterindo o blog, o que prometi para mim mesma que não farei mais. Vinte e um dias se passaram e, nesse tempo, peguei um trabalho temporário, viajei bastante pelo Interior, planejei e refiz o planejamento de uma viagem que será feita no próximo feriado, me chateei, discuti, fiz as pazes e, quando dava uma brecha, pensei muito.

A correria do dia a dia faz com que a gente deixe, muitas vezes, de pensar na gente. Nas coisas que nos fazem felizes, nas necessidades que nós temos, nas resoluções feitas a cada ano e que acabam esquecidas debaixo do tapete. O ano tá chegando quase que nos 47 do segundo tempo, mas ainda dá pra correr atrás do prejuízo.

Rever um amigo que não recebeu tanta atenção, almoçar com alguém querido, ter tempo para uma conversa mais reservada. Ir ao shopping só pra conferir vitrines e, quem sabe, comprar uma blusinha nova. Dar uma olhada nos lançamentos de livros e discos, ver gente ou simplesmente não fazer nada disso. Falta tempo para todos nós, mas a verdade é que o tempo é a gente que faz!

Reclamo que não tenho tempo para me iniciar numa atividade física, mas sei de muitas pessoas que acordam antes das seis da manhã e vão correr. Resmungo que devo uma visita para uma amiga que teve bebê, mas quando chega o final de semana fico jogada no sofá e deixo o cansaço me pegar. O cinema das terças está há um mês parado, a roupa suja se acumula na cesta e a inércia parece que me puxa pra baixo.

Pois bem, chega! Se durante quase um mês tive tempo para encarar um terceiro turno de trabalho até quase 3 da manhã, continuei viajando a trabalho, indo ao supermercado, regando as plantas e arranjando tempo para ficar perto de quem eu gosto, a palavra de ordem agora será otimização de tempo.

O feriado será meu divisor de águas. Vou recarregar as baterias e voltarei cheia de planos. Novas resoluções de ano novo me aguardam! Bem-vindo setembro!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Vivas ao ócio!!

Nesses tempos de correria plena, onde não ser workaholic tornou-se tão impensável como declarar que se tem gripe A dentro de um ônibus lotado, o mau tempo me deu o primeiro final de semana de folga em mais de um mês. Comemorei feito criança o descanso mais que merecido, fiz planos de leitura, de passeios, de visitas, prometi ao namorado que sairíamos para dançar, tomaríamos umas cervejinhas sem hora para terminar e que veríamos aquela exposição dos mestres da pintura que tentamos ir desde o início do mês.

Adivinhem o placar final do fim de semana? Zero a zero! Sim, choveu torrencialmente de sexta à noite até esta manhã e eu não cumpri NENHUMA das programações prometidas. Não li nada que não fosse a última Marie Claire, me abstive dos jornais, não visitei ninguém, não saí pra dançar e não cometi nenhum pecado diferente da preguiça e da gula! Vi todos os seriados que não consigo acompanhar durante a semana, revi quase uma dezena de filmes de baixo do edredom, cochilei e namorei bastante.

Algum arrependimento? Nãnaninãninha! As anotações que levei na bolsa para adiantar algumas matérias ficaram intactas. As receitas que queria ter testado, idem. As sacolas de roupa suja não se moveram e nem ao supermercado eu fui. Falei pouco ao telefone, não chequei e-mails, mas, em compensação, aproveitei o aniversário de 83 anos do meu avô e o almoço de Dia dos Pais para curtir momentos valiosos – e cada vez mais raros- em família. Coisas que, parafraseando a propaganda do cartão de crédito, não têm preço!


O ócio faz bem à pele, diminui as olheiras, melhora o humor, atenua os sintomas da tpm, melhora o tônus muscular a cada espreguiçada mais longa, regula o intestino graças às mastigadas sem pressa e, sim, retarda o envelhecimento precoce! Tem coisa melhor do que isso? E não estou falando do ócio criativo, não! Falo do ócio preguiçoso mesmo. Aquele em que o máximo de esforço que se faz é ir da cama para o sofá, do sofá para a janela, da janela à geladeira e assim por diante.

Finais de semana como o meu último deveriam ser obrigatórios por lei, pelo menos uma vez por mês. Por mais que não substituam as tão sonhadas férias, renovam o ânimo, oxigenam o cérebro, dão fôlego novo à semana de trabalho e clareiam as idéias - que tendem a ficar turvas em meio à correria do dia a dia. Se eu trabalhasse na área de RH, adicionaria um final de semana mensal de ócio obrigatório a todos os contratos de trabalho. Não tem receita melhor! E vamu que vamu que hoje já é segunda-feira!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Você é o que você veste?


Fiquei mais de dez dias sem conseguir parar para escrever, mas por uma semana não tirei um absurdo da minha cabeça. Li em algum site desses de notícias que uma jornalista de 40 anos fora condenada, no Sudão, a receber 40 chibatadas. Detida no dia 3 de julho, a coitada ficou quase um mês presa e foi sentenciada na semana passada unicamente por vestir calças.

É, o crime cometido por ela foi ir contra o conservadorismo islâmico, que não permite que mulheres usem calças. As vestimentas são consideradas indecentes pelos sudaneses, onde somente os não muçulmanos não são obrigados a seguir a lei islâmica, que predomina na capital, Cartum.

Lubna trabalha em um jornal da cidade e no Departamento de Imprensa da missão das Nações Unidas no Sudão e foi presa em um restaurante, por um grupo de policiais que escolhia a dedo as mulheres que queriam levar. Além dela, outras 12 mulheres na mesma situação foram encaminhadas a uma delegacia por usarem calças. Das 13 detidas, 10 receberam 10 chibatadas, porque eram do sul do país, onde a lei islâmica do Norte, a chamada a sharia, não é aplicada.

Os jornais diziam que Lubna é conhecida por suas críticas ao governo do país. Ela é autora de uma coluna semanal para jornais do país, chamada Kalam Rijal, que, na tradução literal significa "conversa de homem”, referindo-se ao preconceito que as mulheres sofrem até para se manifestarem diante de seus maridos, pais e filhos. Pela cultura islâmica, o que as mulheres falam costuma ser algo risível e não confiável.

Antes de comparecer à corte, a jornalista afirmou que o problema que ela enfrenta é também o problema de centenas de mulheres que são chicoteadas todos os dias devido às roupas que usam. E, pior, saem dessas sessões envergonhadas e tratadas como párias pelas próprias famílias, que não admitem tal desfeita.

Além da ridícula motivação da punição em si, por mais que eu reconheça que vivemos em uma cultura totalmente diferente, da qual muitas vezes torna-se impossível entender, é inadmissível aceitar que a lei islâmica ainda mantenha rigidez a certos costumes que já deveriam ter caído por terra, principalmente no Sudão, país dividido entre as crenças, com o Sul cristão, que não reconhece tais leis islâmicas.

Em pleno século XXI, é triste constatar que a “evolução” das pessoas ainda está presa a crenças e a costumes absurdos, onde humilhar semelhantes é prática normal e corriqueira. Até quando vamos ter de agüentar notícias como essas?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Diversão e arte para qualquer parte


Amanhã deve ser assinado pelo presidente Lula o projeto que cria o Vale Cultura. O benefício, que funcionará exatamente como um vale transporte ou alimentação, terá valor de R$ 50 e será estendido a todos os trabalhadores que ganham menos de cinco salários mínimos.

Em tempos de desemprego, fome, falta de saneamento e de moradia digna
pode até parecer cruel comemorar o fato, mas anda tão difícil de aparecer uma boa iniciativa governamental, que resolvi dar um desconto. Os itens acima fazem parte da cruel realidade de milhares de brasileiros, mas, como bem disseram Os Titãs na letra de Comida:

a gente não quer só comida,a gente quer comida, diversão e arte...
a gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão, balé ...
a gente não quer só comida, a gente quer a vida como a vida quer...”.


A intenção do governo é fazer com que o Vale seja usado exclusivamente para que o trabalhador vá ao cinema, ao teatro, a shows ou compre livros. Em um país marcado pela exclusão, torço para que, de fato, o vale dê o primeiro passo para dirimir a exclusão cultural. Já imagino que alguns tentarão vendê-lo ou trocá-lo por mercadorias, mas prefiro acreditar que o tal vale vá ser bem-sucedido e cumprir com seu nobre objetivo.

Nosso Brasil é motivo de orgulho pela riqueza cultural tão diferenciada e merece que o seu próprio povo desfrute disso com propriedade. Pelos dados do Ministério da Cultura, cerca de 12 milhões de trabalhadores da iniciativa privada estão aptos a receber o benefício, que poderá injetar R$ 600 milhões no mercado cultural, mensalmente.

As estatísticas revelam que mais de 90% dos brasileiros nunca foram ao teatro ou a um museu. Cinema também é privilégio de poucos, o que me faz acreditar que, uma vez sancionada e regulamentada, a proposta pode mudar, sim, os rumos da cultura nacional.

O próximo passo pode, a partir daí, ser dado pelo próprio Ministério, através do estímulo de um amplo debate acerca dos valores cobrados sobre os produtos culturais. Querem mais incentivo à cultura do que oferecê-la a preços justos e compatíveis ao trabalhador assalariado?

Ou alguém acha normal pagar R$ 200 por um show nacional, R$ 100 para uma peça de teatro e R$ 20 sobre o ingresso nos cinemas mais modernos? Diante dos parcos R$ 50 do Vale, esses valores beiram à exorbitância e com certeza, são responsáveis por desestimular e impedir que milhares de brasileiros conheçam e vivenciem o que esse Brasil tem de melhor, que é a criatividade de seu povo!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Aos amigos de hoje, de ontem e de amanhã


Algumas pessoas valem o mundo. Algumas pessoas dispensam maiores explicações. Algumas pessoas são tão fáceis de amar e de conviver que tornam-se uma extensão de nós mesmos. Meus amigos são assim. Únicos pra mim, apesar de suas idiossincrasias, defeitos, manias.

Posso me gabar de exibir duas mãos cheias de amigos com quem posso realmente contar. Duas dezenas de pessoas tão diferentes e tão especiais. Pessoas que me doem no peito quando sinto saudades, pessoas que me fazem rir ao lembrar de alguma passagem, pessoas com as quais me identifico e pelas quais nutro um amor incondicional.

Alguns tomaram rumos que os fizeram estar longe, tenho sorte quando os vejo uma vez por ano, mas a distância não diminui em nada o carinho e a identificação recíprocas. Outros, mesmo perto, fogem por meses, mas sei que estão ao alcance do meu abraço quando eu menos espero. Poucos, poucos mesmo, tenho o privilégio de ver com mais freqüência, mas enchem minha vida de alegria somente pelo fato de existirem.

Tenho várias ramificações de amigos queridos. Os que vêm do tempo do colégio e me acompanham há mais de 25 anos. Os que conheci nas férias escolares na praia e que anualmente tornavam-se uma extensão minha durante aquele período. Têm ainda os dos tempos de faculdade e com os quais já somo mais de 10 anos de convivência, graças a Deus! Pelos locais em que trabalhei também fui arrecadando pessoas queridas. Alguns se desprenderam no meio do caminho, outros estão mais grudados em mim do que Super Bonder, não importando o cep.

Amigos são a verdadeira família que a gente escolhe, irmãos, primos que elegemos ao longo da estrada da vida. Pessoas que nos causam ciúmes, claro, mas que não questionam nossa fidelidade, que respeitam nosso silêncio, que sabem aguardar o momento e dar o abraço certo. Amigos estão prontos para dar muita risada conosco, também para chorar quando necessário for. Amigos gastam os últimos tostões para se embebedarem ao nosso lado, dividem um único pedaço de bolo, nos incluem em suas orgias gastronômicas, estão prontos para lançar com a gente um novo passo na pista de dança.

Amigos têm gritos de guerra só deles, amigos fazem merda juntos, quebram a cara e levantam da lama ainda mais unidos. Amigos fazem fofoca um do outro, amigo custam a aceitar nos dividir com namorados, pais, maridos, filhos. Amigos estão sempre prontos a nos ajudar a renovar o guarda roupa, a provar a caipirinha da moda no bar mais requisitado do momento, a aguentar filas e mais filas só para te acompanhar em um show, amigos estão sempre planejando aquela viagem especial que nunca sai do papel. Amigo tem a coragem de dizer que você está gorda quando precisa, que errou feio no modelito e que está totalmente enganada ao achar que o mais galinha dos galinhas pode ser o verdadeiro amor da sua vida.

Amigos são seres iluminados. Deveriam estar sempre protegidos e dormir em cápsulas de oxigênio ao estilo Michael Jackson, para durarem eternamente. Meus amigos são responsáveis pelo que eu sou hoje. Meus amigos me fazem sorrir simplesmente por saber que eles existem. Meus amigos estiveram ao meu lado quando eu mais precisei e têm, cada vez mais, lugar cativo no meu peito.
Queridos, obrigada por existirem e por tornarem minha vida muito mais colorida e feliz!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Voluptosa paixão nacional


Que a bunda das brasileiras é, machistamente, preferência nacional, até o Obama mostrou saber. Por aqui, de fato, há séculos as nádegas deixaram de ser lembradas apenas por sua função biológica e suas formas carnudas e globulares começaram a ganhar destaque, prioritariamente, por seu cunho sexual.

Estimulada pela indústria da moda e do entretenimento, a paixão nacional deu margem a verdadeiras aberrações midiáticas, como o já antigo rebolado da dança da garrafa até o surgimento das mulheres-frutas e dos “passos” de funk que exploram a bunda quase como um estilo.

Pois o fato é que, por essa bandas, não há mais como negar que a bunda passou a ter, gostando a gente ou não, quase que uma função social na vida de milhares de brasileiras e brasileiros. Não me considero feminista ferrenha, mas há tempos que essa questão tem me feito pensar, a ponto de eu até me inclinar a pesquisar a origem de tanta devoção às nádegas tupiniquins.

Pois numa dessas pesquisas me deparei com trechos de um artigo do professor Gilberto Freyre, publicado em uma Playboy da década de 80, intitulado "De onde vem o encanto do brasileiro pela bunda?". Em resumo, o sociólogo afirma que essa adoração começou com a chegada dos colonizadores portugueses ao Brasil. A miscigenação dos lusitanos com escravas, preferencialmente afronegras mucamas, fez com que surgisse o DNA do bundão da brasileira. O mesmo não ocorreu em relação às índias que aqui encontraram, cuja imagem corporal sempre foi magra e sem muitas curvas.

A miscigenação das brasileiras, na análise de Freyre, tornou-se tão peculiar no quesito “protuberância”, que ele chega a dizer que “as bundas de mulheres do Brasil constituem, talvez, a mais variada expressão antropológica de uma moderna variedade de formas e nádegas, com as protuberantes é possível que avantajando-se às menos ostensivas”.

Essa nossa rica história colonial serviu de inspiração para obras de artistas renomados, que não se furtaram em retratar, pintar e transformar em esculturas sensuais a parte mais apalpável do corpo humano. Desde esses tempos, inúmeros artistas, escritores e músicos têm se revezado no culto à bunda alheia, para deleite do público.

Mais recentemente, nem meu ídolo Caetano Veloso resistiu às tentações e espraiou sua adoração pela bunda feminina na canção Cor Amarela, do último disco Zie, zie, na qual comenta suas impressões sobre um certo biquíni amarelo que almeja. O refrão diz “Que cara, Que bunda, Que bunda, É o melhor que podia acontecer”.

Pois bem, fiz toda essa divagação sobre as nádegas alheias porque no último final de semana me deparei com a escultura que - mesmo que em parte- ilustra esse post e não pude evitar o assunto. A obra, que retrata uma índia guerreira guarani, é deslumbrante. Toda feita em aço e ferro, pintada de prateado, mostra uma índia com um arco e flecha na mão.

Em meio à mata nativa e a um campo belíssimo rodeado de cachoeiras e muita vegetação, a índia guerreira e imponente parece estar lá para proteger a região de todo e qualquer mal. No entanto, graças à comprovada adoração de seu talentoso criador pela paixão nacional, acaba chamando muito mais a atenção de costas do que de frente... prova de que a bunda realmente impera nesse reino chamado Brasil!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O Garfield é que tinha razão


Estou sofrendo da Síndrome da Segunda-feira. Não preciso ir ao médico, consultar os búzios ou as runas para confirmar o diagnóstico. Os sintomas são simples, desânimo, preguiça e uma quase falta de interesse pela rotina de trabalho, driblada apenas pelo excesso de tarefas que se acumulam sobre a minha mesa.

Ao contrário da maioria das pessoas, que entram em estado de quase depressão na noite de domingo, sentem tristeza, angústia, irritabilidade e desalento ao ouvir a abertura do Fantástico, eu, geralmente, estou nos melhores momentos do meu final de semana exatamente no domingo à noite. Nessa hora, depois de ter acordado e almoçado tarde, já desopilei, caminhei no sol, namorei, encontrei amigos, revi a família, e, sem peso algum nas costas, me preparo para dar uma boa espreguiçada no meu sofá. Embaixo do edredon, abraçada no meu amor, leio um livro, vejo um filme e arrumo alguma coisa pra beliscar até o sono bater de vez.

É aí, no exato momento de deitar, sabendo que poucas horas depois estarei de volta à labuta, que começam os primeiros sintomas. Levantar cedo no dia seguinte então, é um martírio. O banho fica arrastado, o café tem um gosto mais amargo e o piloto automático é ligado até que eu chegue ao meu destino. Por mais que eu tenha descansado, nunca parece suficiente e os afazeres ganham uma dimensão ainda maior a cada segunda-feira.

Garanto que se eu me olhasse agora no espelho, minha imagem refletida seria alaranjada, peluda e com aquele ar de torpor que só o Garfield tem às segundas-feiras. Por mais que os finais de semana sejam usados para recarregamos as energias para, depois, retomarmos a rotina, ele nunca é suficiente. Ainda mais para mim, que a cada quinzena sacrifico um final de semana.

Mas o que tem acontecido comigo ultimamente é aquela sensação de choque de realidade, de estar deixando de fazer o que mais gosto para retomar uma rotina nem tão prazerosa- pelo menos não às segundas-feiras. Gosto do que faço e do meu ambiente de trabalho, mas sempre fico com a sensação de que poderia estar fazendo mais por mim e isso me preocupa. Não quero chegar naquela etapa em que o trabalho torna-se apenas uma fonte de sobrevivência, mas é nessa condição que me sinto às segundas.

Pesquisando, descobri que a tal Síndrome da Segunda-feira não é apenas um fenômeno psicológico, mas uma alteração no metabolismo, resultante da chamada “desaceleração” que nos permitimos aos finais de semana e que, cá pra nós, deveria ser obrigatória a cada intervalo de três dias mais ou menos, não é mesmo?

O que os especialistas aconselham é procurar acrescentar programas mais prazerosos às agendas da semana. Um cineminha na terça, um happy hour ou jantar com os amigos na quinta, para quebrar a rotina e acalmar o relógio biológico. Exercícios físicos também ajudam.

O que me resta, então, é tocar as coisas normalmente, mesmo que em slowmotion, e me preparar para a terça com força total... e para descarregar o desânimo, quem sabe apelar para uma caminhadinha no início da noite? Salve-se quem puder!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Não sou, gostaria de ser, mas me arrisco


Como a famosa frase de Lavoisier “Na natureza nada se cria, nada se perde tudo se transforma” foi desvirtuada há tempos e o na vida nada se cria, tudo se copia” caiu na boca do povo, resolvi plagiar o desafio que tem se espalhado pelos blogs da vida e responder à provocação: listar cinco coisas que eu não sou, gostaria de ser, mas arrisco.

De cara pensei... putzzz, tem zilhões de coisas que eu gostaria de ser, vai ser difícil escolher. Como a brincadeira limita a minha imaginação, fica até mais fácil. Então, lá vão minhas opções topfive:

1- Gostaria de trabalhar em uma revista ou manter uma coluna que funcionasse como o blog. Um espaço desafiador para poder propagar meus pensamentos, pautados (no caso da revista) ou não. Aqui em Porto Alegre esse desejo é bem difícil de ser concretizado, porque o mercado é super fechado. Mas...quem sabe um dia me encorajo e fujo pra outra cidade, quem sabe Sum Paulo?

2- Gostaria de ser uma turista nata, daquela que investe tudo o que tem em roteiros e aventuras pelo mundo, que planeja o próximo destino quando ainda nem saiu do atual, que vive para conhecer gente, culturas, lugares. Não tenho conseguido, mas tenho certeza que vou seguir em frente nesse objetivo um dia!!

3- Gostaria de ser chef de cozinha. Tenho me aventurado semanalmente nas descobertas culinárias e adorado! Cozinhar pra mim tem sido uma terapia. Se tive um dia ruim de trabalho, chego em casa, abro um vinho e fico lá entretida com minhas panelinhas,criando. Gosto de combinar temperos, testar cheiros e inventar pratos. Não tem coisa melhor! A cozinha agrega e aproxima as pessoas, reúne pessoas queridas e é sempre um prazer à parte. Nesse item posso garantir que me arrisco sem medo e ainda quero evoluir muito.


4- Gostaria de ser decoradora de ambientes. Aprender sobre tendências, ter mais noção de como organizar espaços, saber mesclar cores e objetos para deixar um cômodo aconchegante, moderno e bem aproveitado. A única experiência que tive na área foi ajeitado a minha salinha de casa, há uns 3 anos. Ficou bem bonitinha, aconchegante e, de longe, é meu lugar favorito pra me jogar. Adoro ir na TokStok e me acabar observando e aplicando as dicas lá em casa...saí beeem mais em conta e vale a pena!


5- Por último, e não menos importante, gostaria de ser mãe. Tá,tá coisa que não depende só de mim, eu sei, mas que vai acontecer na hora certa, tenho certeza disso. Não me imagino passando por esse mundo sem ter um filho, nem que seja adotivo. Tenho visto uma penca de amigas totalmente plenas e felizes com seus rebentos, apesar de cansadas e apreensivas com o que vem pela frente. Me aguardem!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Achaque regulamentado


Entendo que o desemprego é uma chaga das grandes cidades e que a informalidade tem sido a saída para o sustento de milhares de famílias. Só que algumas situações fogem da lógica. Aqui em Porto Alegre, por exemplo, os guardadores de carro, vulgo flanelinhas, são uma verdadeira chaga em plena expansão. Eles estão em toda a parte e se proliferam como coelhos aos finais de semana.
Não reclamo apenas pelo fato de simplesmente não concordar com o achaque descarado que fazem aos motoristas, mas pelas ameaças que muitos empregam para nos intimidar a pagar um preço estipulado por eles. Oras, se eu quisesse pagar para estacionar, deixaria o carro em alguma garagem ou estacionamento, claro. Só que, na maioria das vezes, e principalmente de dia e quando estou acompanhada, deixo o automóvel na rua. É aí que começa a lenga-lenga.
É só achar uma vaga e dar sinal para aparecer, do nada, um guardador querendo te ensinar a estacionar. Depois, querendo já, de cara, estipular cobrança para o serviço antecipado “tá bem cuidado”. O pior é perceber, ao voltar para o carro, que nem sempre o tal achacador está por ali.

Poxa, já não bastasse termos de pagar altos impostos para governos que não nos garantem nem ruas em condições ideais de tráfego, quiçá segurança nas mesmas, temos de enfrentar verdadeiras quadrilhas de flanelinhas, que não respeitam nem áreas exclusivas com parquímetros. Não sei se eles se aproveitam da dita fragilidade das mulheres para dar o bote, mas até em locais com parquímetro tenho sofrido com tentativas de achaque.

De uns tempos pra cá, a coisa tem piorado e o tal grupo dos flanelas conseguiu constituir até Sindicato. Alguns, inclusive, exibem orgulhosos um colete escrito SINDICALIZADO para dar mais moral ainda. Agora, a prefeitura daqui inova e assina com o Ministério do Trabalho um termo que regula o trabalho dos guardadores, que passarão a ser oficialmente permitidos nas ruas, uniformizados e tudo.

O teste inicial dos flanelinhas regulamentados será hoje, nas imediações do Estádio Beira Rio, durante a final entre Internacional e Corinthians. Não concordo, de forma alguma, com a decisão da prefeitura. Já existem aqui profissionais que controlam o trânsito e são bem pagos pra isso pelo município e a Brigada Militar, agora mais essa. Também não aceito a explicação de autoridades, que dizem que os guardadores “ajudarão na proteção do patrimônio da sociedade” e, gradualmente, inibirão a ação dos achacadores, que serão monitorados pela Brigada.
Mas peraí, os achaques não vão continuar?? Dá no mesmo, oras. E desde quando a BM vai ter homens para fiscalizar ação de flanelinha, se nem as ocorrências normais conseguem atender? Sinceramente, acho que o melhor é começar a pensar em deixar o carro em casa...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Perdas do showbusiness mundial




Em menos de 24 horas o mundo perdeu dois ícones do showbusiness. Primeiro, Farrah Fawcett, a pantera das panteras, que sucumbiu a um câncer. Depois, o freak megatalentoso Michael Jackson, que também se foi prematuramente. Os dois, cada um do sei jeito, influenciaram milhões de pessoas de diversas culturas, nacionalidades e idades, graças ao poder da indústria do entretenimento e aos próprios talentos.

Até eu tive o cabelo cortado em camadas e com aquele franjão à lá panteras. Me lembro de, ainda criança, assistir às meninas do Charlie, instalada na cama da minha mãe, e desejar me integrar ao trio quando crescesse, santa ingenuidade! Embora a minha preferida fosse a morena Jaclyn Smith, a Kelly, foi a loira Farrah que alcançou grande projeção, tornando-se sex symbol entre os anos 70 e 80 e ícone de beleza, desejada por homens e copiada por centenas de mulheres mundo afora.

Não me recordo dela em muitos outros trabalhos, à exceção de um filme água com açúcar recente, no qual fazia a esposa doente do Richard Gere, mas cumpriu seu papel, teve bem mais do que 15 minutos de fama e, com certeza, será lembrada por muitos e muitos fãs. Já Michael, foi um dos artistas mais talentosos, estranhos e perdidos dos últimos tempos. Dos tempos precoces dos Jackson´s Five a rei do pop, ficou muito mais na lembrança por suas esquisitices, pelo nariz camuflado, pelo desejo de mudar de cor do que pela genialidade de sua obra.

Um dos grandes showmen do mundo, vai ser sempre lembrado pela dança, pelos gritinhos e por implantar sucessos radiofônicos, como Billie Jean, Beat it e Thriller, hits que tocam até hoje nas pistas de dança. A minha preferida é Don't Stop 'til You Get Enough. Me lembro também da surpresa que cada novo clipe dele causava no mundo, pelos recursos tecnológicos e superação, que combinavam direitinho com cada melodia e letra. Quem vai esquecer dos rostos mudando magicamente em Black or White? Inesquecível! Prefiro lembrar do cantor por essas passagens do que pelos escândalos de pedofilia, pelos casamentos de faz de conta, pelos filhos que pôs no mundo de maneira misteriosa e pelo rancho Neverland.

Taí, vai ver Michael se achasse tão Peterpan que realmente acreditasse ser o principal representante de Neverland na Terra. E assim será. Toda a vez que penso nele, lembro duma história gostosa da minha infância. Eu devia ter uns 6, 7 anos e minha colega e amiga eterna Piu, comemorava seu aniversário. Ao som de Michael, claro, que estourava em todas as rádios e quase furava a eletrola (credo, que jurássica!!!) da festa, ela fez a mãe servir purê de batatas em potinhos, por acreditar que o refrão “Just beat it, beat it”, era “just purê, purê (pirê em gauchês)”. A criançada adorou a invenção, lógico!

Hilário e inesquecível para mim, como será sempre Michael Jackson, que do alto de sua sabedoria, largou a seguinte frase, ao ser questionado sobre a morte: “Se você entra neste mundo sabendo que é amado e deixa este mundo sabendo o mesmo, então você pode lidar com tudo o que acontece no meio”. E assim foi!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Tristes cenas da vida real


Essa manhã, faltando quase uma hora para o meu despertar obrigatório, sonhei que estava sendo atacada por um homem, que tentava me assaltar e usava um menino pedinte como isca. A cena, infelizmente corriqueira nos dias de hoje, é muito simples. O menino vem pedir dinheiro e quando a gente se distrai, vem o adulto e pá, rouba a bolsa da gente, muitas vezes usando de violência.

O sonho, como tantos outros, foi estranho, porque na cena principal eu estava sentada em um banco, em plena Avenida Ipiranga (uma das principais de Porto Alegre), de frente para o horrendo Arroio Dilúvio, também conhecido como Riacho Ipiranga, que corta a cidade levando metros cúbicos de lixo, areia e esgoto cloacal. A Avenida, uma das mais movimentadas daqui, jamais seria palco de um banco e eu, em sã consciência, não sentaria nunca para apreciar aquela vista.

No entanto, o sonho me pareceu tão real. Lembro do rosto do menino, entre oito e dez anos, negro, com bochechas marcadas e grandes olhos espertos, que me lembrava o personagem Acerola, de Douglas Silva, no Cidade dos Homens. Com um sorriso simpático, ele se aproximava e pedia um trocado. Quando eu tentava alcançar alguma moeda ao garoto, apareceu o adulto, mulato, magro, com aquela esperteza irônica que a gente cansa de ver nas ruas e se atraca na minha bolsa – uma bolsa roxa de couro que eu não tenho -, enquanto o menino tenta me segurar por um dos braços.

Lembro de, erroneamente, claro, reagir à tentativa de assalto, pegar o controle da minha garagem e bater com tudo no nariz do homem, que me largou instantaneamente, dando a senha pra eu sair correndo avenida afora. Nos momentos finais dos quais me recordo eu apareço correndo com os dois atrás e perco o fôlego, tenho um acesso de tosse e sento a garganta quase fechar. Acordei exatamente nessa hora, com o nariz trancado, a garganta idem, a respiração acelerada, tossindo em um claro ataque de rinite.

Passava das 6h e eu acordaria só às 7h, mas a agonia foi tanta que acabei levantando para beber água, tomar um antialérgico e me recompor. Claro que não dormi mais, apesar de ficar na cama, mas a imagem do rosto do guri do sonho não me sai da cabeça até agora. Era um rosto familiar, eu o tinha visto momentos antes de pegar no sono, em um dos quadros do Profissão Repórter, que ontem explorava o trabalho infantil.

O tal menino morava em Santo Amaro de Jesus, interior da Bahia, cidade conhecida por ser a maior produtora de fogos de artifício do Nordeste. Assim como as outras três crianças de sua família, com idades entre cinco e 11 anos no máximo, ele trabalhava na fabricação de explosivos individuais, tipo chumbinhos, que, produzidos em centenas, rendiam menos de R$ 1 à família.

A matéria era triste, mostrava a pobreza daquela gente, os rostos sofridos dos pequenos que, ao invés de estarem estudando ou brincando, amargavam mais de cinco horas diárias de trabalho em casa, para ajudar no sustento da família, correndo riscos de sofrer com problemas pela inalação de resíduos de pólvora e até mutilações pela explosão dos artefatos em suas pequenas mãozinhas.

A cena era triste, o quadro idem, mas o que mais me marcou foi o rosto daquele menino, que depois aparecera no meu sonho, outra vez fora da escola, da praça, das brincadeiras, do carinho de um ambiente familiar saudável ao qual toda a criança deveria estar sujeita. As imagens me perturbaram, assim como o sonho, mas apenas retrataram cenas da vida real de milhares e milhares de crianças que nos passam despercebidas diariamente nas sinaleiras e esquinas das grandes cidades. Me ficou uma melancolia daquelas, apesar do dia ensolarado de inverno...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Cordas metálicas, plásticas, mucosas de Caetano


Começo a semana inquieta, com o cansaço do final de semana de trabalho, mas feliz como criança que acaba de ganhar um doce. O meu, na verdade, eu mesma me dei de presente e será deglutido com muita parcimônia, cuidado e atenção na quinta-feira: o show do Caetano!!

Não lembro exatamente quando passei a ouvir e venerar o baiano, mas foi entre os 14, 15 anos. Me apaixonei pela MPB no auge do grunge do Nirvana, dos metais do Guns and Roses, dos gritos e cabelões do Bon Jovi. Não me arrependo um milímetro sequer da troca! Nunca vou esquecer da reação incrédula das minhas colegas de colégio quando contei que não fazia a menor questão de ir ao show do Skid Row e que havia gasto toda a minha mesada em Cds (recém-surgidos por aqui) do Caetano!

Não entendo aqueles que têm ojeriza à MBP, que torcem o nariz para verdadeiros poetas como Gil, Caetano, Chico, Lenine. Confesso, inclusive, que deixei de levar a diante algumas paqueras que poderiam ter evoluído ao ver a primeira menção de cara feia para a nossa nobre música popular.

Não compro nem baixo discos nem vou a shows com a frequência que gostaria, até porque, com salário de jornalista, fica difícil. Mas não titubeei em deixar de pagar umas continhas do mês para comprar o ingresso do Caetano e, mais ainda, surpreender meu namorado com um pra ele me acompanhar, feliz da vida.

Cultura é investimento, é essencial, é até vital. E eu não ia me perdoar se deixasse passar mais um show em branco. O último ao qual assisti foi o Circuladô, há mais de 10 anos. Nesse tempo, tenho comprado os discos, lido os livros e ainda me surpreendido com cada entrevista ou frase dele que leio.
Ultimamente, Caetano tem reclamado de ter entrado na velhice, mas continua muito mais jovem do que muito trintão por aí. E charmoso, of course! Tenho ouvido o incansavelmente e me surpreendido com o poder de mutação desse gênio, que agora só quer é saber de rock. Na veia!
O show de quinta retratará o mais recente trabalho, Zie zie, e continua nessa nova linha, com o músico acompanhado pela banda que formara para o . Estou animadéssima, não posso negar! Minhas impressões contarei na sexta!!
Hoje, dando uma olhada no site oficial, pra ver se conseguia descobrir o setlist do show, me deparei com mais uma frase daquelas que só têm a força que merecem quando ditas por Caetano. Aí vai:

“Somos pessoas de gerações diferentes partilhando interesses musicais e humanos semelhantes. E com assustadas expectativas de futuro soando em nossas cordas metálicas, plásticas, mucosas” (Caetano Veloso).