quarta-feira, 22 de julho de 2009

Diversão e arte para qualquer parte


Amanhã deve ser assinado pelo presidente Lula o projeto que cria o Vale Cultura. O benefício, que funcionará exatamente como um vale transporte ou alimentação, terá valor de R$ 50 e será estendido a todos os trabalhadores que ganham menos de cinco salários mínimos.

Em tempos de desemprego, fome, falta de saneamento e de moradia digna
pode até parecer cruel comemorar o fato, mas anda tão difícil de aparecer uma boa iniciativa governamental, que resolvi dar um desconto. Os itens acima fazem parte da cruel realidade de milhares de brasileiros, mas, como bem disseram Os Titãs na letra de Comida:

a gente não quer só comida,a gente quer comida, diversão e arte...
a gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão, balé ...
a gente não quer só comida, a gente quer a vida como a vida quer...”.


A intenção do governo é fazer com que o Vale seja usado exclusivamente para que o trabalhador vá ao cinema, ao teatro, a shows ou compre livros. Em um país marcado pela exclusão, torço para que, de fato, o vale dê o primeiro passo para dirimir a exclusão cultural. Já imagino que alguns tentarão vendê-lo ou trocá-lo por mercadorias, mas prefiro acreditar que o tal vale vá ser bem-sucedido e cumprir com seu nobre objetivo.

Nosso Brasil é motivo de orgulho pela riqueza cultural tão diferenciada e merece que o seu próprio povo desfrute disso com propriedade. Pelos dados do Ministério da Cultura, cerca de 12 milhões de trabalhadores da iniciativa privada estão aptos a receber o benefício, que poderá injetar R$ 600 milhões no mercado cultural, mensalmente.

As estatísticas revelam que mais de 90% dos brasileiros nunca foram ao teatro ou a um museu. Cinema também é privilégio de poucos, o que me faz acreditar que, uma vez sancionada e regulamentada, a proposta pode mudar, sim, os rumos da cultura nacional.

O próximo passo pode, a partir daí, ser dado pelo próprio Ministério, através do estímulo de um amplo debate acerca dos valores cobrados sobre os produtos culturais. Querem mais incentivo à cultura do que oferecê-la a preços justos e compatíveis ao trabalhador assalariado?

Ou alguém acha normal pagar R$ 200 por um show nacional, R$ 100 para uma peça de teatro e R$ 20 sobre o ingresso nos cinemas mais modernos? Diante dos parcos R$ 50 do Vale, esses valores beiram à exorbitância e com certeza, são responsáveis por desestimular e impedir que milhares de brasileiros conheçam e vivenciem o que esse Brasil tem de melhor, que é a criatividade de seu povo!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Aos amigos de hoje, de ontem e de amanhã


Algumas pessoas valem o mundo. Algumas pessoas dispensam maiores explicações. Algumas pessoas são tão fáceis de amar e de conviver que tornam-se uma extensão de nós mesmos. Meus amigos são assim. Únicos pra mim, apesar de suas idiossincrasias, defeitos, manias.

Posso me gabar de exibir duas mãos cheias de amigos com quem posso realmente contar. Duas dezenas de pessoas tão diferentes e tão especiais. Pessoas que me doem no peito quando sinto saudades, pessoas que me fazem rir ao lembrar de alguma passagem, pessoas com as quais me identifico e pelas quais nutro um amor incondicional.

Alguns tomaram rumos que os fizeram estar longe, tenho sorte quando os vejo uma vez por ano, mas a distância não diminui em nada o carinho e a identificação recíprocas. Outros, mesmo perto, fogem por meses, mas sei que estão ao alcance do meu abraço quando eu menos espero. Poucos, poucos mesmo, tenho o privilégio de ver com mais freqüência, mas enchem minha vida de alegria somente pelo fato de existirem.

Tenho várias ramificações de amigos queridos. Os que vêm do tempo do colégio e me acompanham há mais de 25 anos. Os que conheci nas férias escolares na praia e que anualmente tornavam-se uma extensão minha durante aquele período. Têm ainda os dos tempos de faculdade e com os quais já somo mais de 10 anos de convivência, graças a Deus! Pelos locais em que trabalhei também fui arrecadando pessoas queridas. Alguns se desprenderam no meio do caminho, outros estão mais grudados em mim do que Super Bonder, não importando o cep.

Amigos são a verdadeira família que a gente escolhe, irmãos, primos que elegemos ao longo da estrada da vida. Pessoas que nos causam ciúmes, claro, mas que não questionam nossa fidelidade, que respeitam nosso silêncio, que sabem aguardar o momento e dar o abraço certo. Amigos estão prontos para dar muita risada conosco, também para chorar quando necessário for. Amigos gastam os últimos tostões para se embebedarem ao nosso lado, dividem um único pedaço de bolo, nos incluem em suas orgias gastronômicas, estão prontos para lançar com a gente um novo passo na pista de dança.

Amigos têm gritos de guerra só deles, amigos fazem merda juntos, quebram a cara e levantam da lama ainda mais unidos. Amigos fazem fofoca um do outro, amigo custam a aceitar nos dividir com namorados, pais, maridos, filhos. Amigos estão sempre prontos a nos ajudar a renovar o guarda roupa, a provar a caipirinha da moda no bar mais requisitado do momento, a aguentar filas e mais filas só para te acompanhar em um show, amigos estão sempre planejando aquela viagem especial que nunca sai do papel. Amigo tem a coragem de dizer que você está gorda quando precisa, que errou feio no modelito e que está totalmente enganada ao achar que o mais galinha dos galinhas pode ser o verdadeiro amor da sua vida.

Amigos são seres iluminados. Deveriam estar sempre protegidos e dormir em cápsulas de oxigênio ao estilo Michael Jackson, para durarem eternamente. Meus amigos são responsáveis pelo que eu sou hoje. Meus amigos me fazem sorrir simplesmente por saber que eles existem. Meus amigos estiveram ao meu lado quando eu mais precisei e têm, cada vez mais, lugar cativo no meu peito.
Queridos, obrigada por existirem e por tornarem minha vida muito mais colorida e feliz!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Voluptosa paixão nacional


Que a bunda das brasileiras é, machistamente, preferência nacional, até o Obama mostrou saber. Por aqui, de fato, há séculos as nádegas deixaram de ser lembradas apenas por sua função biológica e suas formas carnudas e globulares começaram a ganhar destaque, prioritariamente, por seu cunho sexual.

Estimulada pela indústria da moda e do entretenimento, a paixão nacional deu margem a verdadeiras aberrações midiáticas, como o já antigo rebolado da dança da garrafa até o surgimento das mulheres-frutas e dos “passos” de funk que exploram a bunda quase como um estilo.

Pois o fato é que, por essa bandas, não há mais como negar que a bunda passou a ter, gostando a gente ou não, quase que uma função social na vida de milhares de brasileiras e brasileiros. Não me considero feminista ferrenha, mas há tempos que essa questão tem me feito pensar, a ponto de eu até me inclinar a pesquisar a origem de tanta devoção às nádegas tupiniquins.

Pois numa dessas pesquisas me deparei com trechos de um artigo do professor Gilberto Freyre, publicado em uma Playboy da década de 80, intitulado "De onde vem o encanto do brasileiro pela bunda?". Em resumo, o sociólogo afirma que essa adoração começou com a chegada dos colonizadores portugueses ao Brasil. A miscigenação dos lusitanos com escravas, preferencialmente afronegras mucamas, fez com que surgisse o DNA do bundão da brasileira. O mesmo não ocorreu em relação às índias que aqui encontraram, cuja imagem corporal sempre foi magra e sem muitas curvas.

A miscigenação das brasileiras, na análise de Freyre, tornou-se tão peculiar no quesito “protuberância”, que ele chega a dizer que “as bundas de mulheres do Brasil constituem, talvez, a mais variada expressão antropológica de uma moderna variedade de formas e nádegas, com as protuberantes é possível que avantajando-se às menos ostensivas”.

Essa nossa rica história colonial serviu de inspiração para obras de artistas renomados, que não se furtaram em retratar, pintar e transformar em esculturas sensuais a parte mais apalpável do corpo humano. Desde esses tempos, inúmeros artistas, escritores e músicos têm se revezado no culto à bunda alheia, para deleite do público.

Mais recentemente, nem meu ídolo Caetano Veloso resistiu às tentações e espraiou sua adoração pela bunda feminina na canção Cor Amarela, do último disco Zie, zie, na qual comenta suas impressões sobre um certo biquíni amarelo que almeja. O refrão diz “Que cara, Que bunda, Que bunda, É o melhor que podia acontecer”.

Pois bem, fiz toda essa divagação sobre as nádegas alheias porque no último final de semana me deparei com a escultura que - mesmo que em parte- ilustra esse post e não pude evitar o assunto. A obra, que retrata uma índia guerreira guarani, é deslumbrante. Toda feita em aço e ferro, pintada de prateado, mostra uma índia com um arco e flecha na mão.

Em meio à mata nativa e a um campo belíssimo rodeado de cachoeiras e muita vegetação, a índia guerreira e imponente parece estar lá para proteger a região de todo e qualquer mal. No entanto, graças à comprovada adoração de seu talentoso criador pela paixão nacional, acaba chamando muito mais a atenção de costas do que de frente... prova de que a bunda realmente impera nesse reino chamado Brasil!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O Garfield é que tinha razão


Estou sofrendo da Síndrome da Segunda-feira. Não preciso ir ao médico, consultar os búzios ou as runas para confirmar o diagnóstico. Os sintomas são simples, desânimo, preguiça e uma quase falta de interesse pela rotina de trabalho, driblada apenas pelo excesso de tarefas que se acumulam sobre a minha mesa.

Ao contrário da maioria das pessoas, que entram em estado de quase depressão na noite de domingo, sentem tristeza, angústia, irritabilidade e desalento ao ouvir a abertura do Fantástico, eu, geralmente, estou nos melhores momentos do meu final de semana exatamente no domingo à noite. Nessa hora, depois de ter acordado e almoçado tarde, já desopilei, caminhei no sol, namorei, encontrei amigos, revi a família, e, sem peso algum nas costas, me preparo para dar uma boa espreguiçada no meu sofá. Embaixo do edredon, abraçada no meu amor, leio um livro, vejo um filme e arrumo alguma coisa pra beliscar até o sono bater de vez.

É aí, no exato momento de deitar, sabendo que poucas horas depois estarei de volta à labuta, que começam os primeiros sintomas. Levantar cedo no dia seguinte então, é um martírio. O banho fica arrastado, o café tem um gosto mais amargo e o piloto automático é ligado até que eu chegue ao meu destino. Por mais que eu tenha descansado, nunca parece suficiente e os afazeres ganham uma dimensão ainda maior a cada segunda-feira.

Garanto que se eu me olhasse agora no espelho, minha imagem refletida seria alaranjada, peluda e com aquele ar de torpor que só o Garfield tem às segundas-feiras. Por mais que os finais de semana sejam usados para recarregamos as energias para, depois, retomarmos a rotina, ele nunca é suficiente. Ainda mais para mim, que a cada quinzena sacrifico um final de semana.

Mas o que tem acontecido comigo ultimamente é aquela sensação de choque de realidade, de estar deixando de fazer o que mais gosto para retomar uma rotina nem tão prazerosa- pelo menos não às segundas-feiras. Gosto do que faço e do meu ambiente de trabalho, mas sempre fico com a sensação de que poderia estar fazendo mais por mim e isso me preocupa. Não quero chegar naquela etapa em que o trabalho torna-se apenas uma fonte de sobrevivência, mas é nessa condição que me sinto às segundas.

Pesquisando, descobri que a tal Síndrome da Segunda-feira não é apenas um fenômeno psicológico, mas uma alteração no metabolismo, resultante da chamada “desaceleração” que nos permitimos aos finais de semana e que, cá pra nós, deveria ser obrigatória a cada intervalo de três dias mais ou menos, não é mesmo?

O que os especialistas aconselham é procurar acrescentar programas mais prazerosos às agendas da semana. Um cineminha na terça, um happy hour ou jantar com os amigos na quinta, para quebrar a rotina e acalmar o relógio biológico. Exercícios físicos também ajudam.

O que me resta, então, é tocar as coisas normalmente, mesmo que em slowmotion, e me preparar para a terça com força total... e para descarregar o desânimo, quem sabe apelar para uma caminhadinha no início da noite? Salve-se quem puder!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Não sou, gostaria de ser, mas me arrisco


Como a famosa frase de Lavoisier “Na natureza nada se cria, nada se perde tudo se transforma” foi desvirtuada há tempos e o na vida nada se cria, tudo se copia” caiu na boca do povo, resolvi plagiar o desafio que tem se espalhado pelos blogs da vida e responder à provocação: listar cinco coisas que eu não sou, gostaria de ser, mas arrisco.

De cara pensei... putzzz, tem zilhões de coisas que eu gostaria de ser, vai ser difícil escolher. Como a brincadeira limita a minha imaginação, fica até mais fácil. Então, lá vão minhas opções topfive:

1- Gostaria de trabalhar em uma revista ou manter uma coluna que funcionasse como o blog. Um espaço desafiador para poder propagar meus pensamentos, pautados (no caso da revista) ou não. Aqui em Porto Alegre esse desejo é bem difícil de ser concretizado, porque o mercado é super fechado. Mas...quem sabe um dia me encorajo e fujo pra outra cidade, quem sabe Sum Paulo?

2- Gostaria de ser uma turista nata, daquela que investe tudo o que tem em roteiros e aventuras pelo mundo, que planeja o próximo destino quando ainda nem saiu do atual, que vive para conhecer gente, culturas, lugares. Não tenho conseguido, mas tenho certeza que vou seguir em frente nesse objetivo um dia!!

3- Gostaria de ser chef de cozinha. Tenho me aventurado semanalmente nas descobertas culinárias e adorado! Cozinhar pra mim tem sido uma terapia. Se tive um dia ruim de trabalho, chego em casa, abro um vinho e fico lá entretida com minhas panelinhas,criando. Gosto de combinar temperos, testar cheiros e inventar pratos. Não tem coisa melhor! A cozinha agrega e aproxima as pessoas, reúne pessoas queridas e é sempre um prazer à parte. Nesse item posso garantir que me arrisco sem medo e ainda quero evoluir muito.


4- Gostaria de ser decoradora de ambientes. Aprender sobre tendências, ter mais noção de como organizar espaços, saber mesclar cores e objetos para deixar um cômodo aconchegante, moderno e bem aproveitado. A única experiência que tive na área foi ajeitado a minha salinha de casa, há uns 3 anos. Ficou bem bonitinha, aconchegante e, de longe, é meu lugar favorito pra me jogar. Adoro ir na TokStok e me acabar observando e aplicando as dicas lá em casa...saí beeem mais em conta e vale a pena!


5- Por último, e não menos importante, gostaria de ser mãe. Tá,tá coisa que não depende só de mim, eu sei, mas que vai acontecer na hora certa, tenho certeza disso. Não me imagino passando por esse mundo sem ter um filho, nem que seja adotivo. Tenho visto uma penca de amigas totalmente plenas e felizes com seus rebentos, apesar de cansadas e apreensivas com o que vem pela frente. Me aguardem!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Achaque regulamentado


Entendo que o desemprego é uma chaga das grandes cidades e que a informalidade tem sido a saída para o sustento de milhares de famílias. Só que algumas situações fogem da lógica. Aqui em Porto Alegre, por exemplo, os guardadores de carro, vulgo flanelinhas, são uma verdadeira chaga em plena expansão. Eles estão em toda a parte e se proliferam como coelhos aos finais de semana.
Não reclamo apenas pelo fato de simplesmente não concordar com o achaque descarado que fazem aos motoristas, mas pelas ameaças que muitos empregam para nos intimidar a pagar um preço estipulado por eles. Oras, se eu quisesse pagar para estacionar, deixaria o carro em alguma garagem ou estacionamento, claro. Só que, na maioria das vezes, e principalmente de dia e quando estou acompanhada, deixo o automóvel na rua. É aí que começa a lenga-lenga.
É só achar uma vaga e dar sinal para aparecer, do nada, um guardador querendo te ensinar a estacionar. Depois, querendo já, de cara, estipular cobrança para o serviço antecipado “tá bem cuidado”. O pior é perceber, ao voltar para o carro, que nem sempre o tal achacador está por ali.

Poxa, já não bastasse termos de pagar altos impostos para governos que não nos garantem nem ruas em condições ideais de tráfego, quiçá segurança nas mesmas, temos de enfrentar verdadeiras quadrilhas de flanelinhas, que não respeitam nem áreas exclusivas com parquímetros. Não sei se eles se aproveitam da dita fragilidade das mulheres para dar o bote, mas até em locais com parquímetro tenho sofrido com tentativas de achaque.

De uns tempos pra cá, a coisa tem piorado e o tal grupo dos flanelas conseguiu constituir até Sindicato. Alguns, inclusive, exibem orgulhosos um colete escrito SINDICALIZADO para dar mais moral ainda. Agora, a prefeitura daqui inova e assina com o Ministério do Trabalho um termo que regula o trabalho dos guardadores, que passarão a ser oficialmente permitidos nas ruas, uniformizados e tudo.

O teste inicial dos flanelinhas regulamentados será hoje, nas imediações do Estádio Beira Rio, durante a final entre Internacional e Corinthians. Não concordo, de forma alguma, com a decisão da prefeitura. Já existem aqui profissionais que controlam o trânsito e são bem pagos pra isso pelo município e a Brigada Militar, agora mais essa. Também não aceito a explicação de autoridades, que dizem que os guardadores “ajudarão na proteção do patrimônio da sociedade” e, gradualmente, inibirão a ação dos achacadores, que serão monitorados pela Brigada.
Mas peraí, os achaques não vão continuar?? Dá no mesmo, oras. E desde quando a BM vai ter homens para fiscalizar ação de flanelinha, se nem as ocorrências normais conseguem atender? Sinceramente, acho que o melhor é começar a pensar em deixar o carro em casa...