quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Pensamentos em uma década


Fechei os olhos agora e tive um insight de como estará minha vida daqui a dez anos. Em 2020 estarei prestes a completar 45 e me imagino batalhando muito, mas com mais qualidade de vida.

Me vejo ainda mal-humorada pela manhã, mas feliz em despertar para a minha louca rotina. Ainda um pouco preguiçosa, mas perseverante para encara uma caminhada matutina.

Me vejo arrumando o lanche das crianças, um menino e uma menina, e totalmente em paz com meu amor. Me vejo feliz com algumas rugas no rosto, com os cabelos pintados em um tom um pouco mais claros e muito mais confortável com o meu corpo.

Me vejo morando no aparamento que pudemos adquirir, orgulhosa das paredes coloridas, da decoração informal, porém aconchegante, das plantas e pontos de luz nos lugares certos. Me vejo confortável no mesmo sofá laranja de hoje, diante de vários porta-retratos com registros felizes, lembranças de viagens e a saudável bagunça que só um verdadeiro lar pode ter.

Me vejo escrevendo, trabalhando no que gosto e ainda tendo tempo de voltar para casa e preparar o jantar da turma. Me vejo gargalhando ao lado da minha mãe, uma setentona de bem com a vida, e dos meus irmãos e sobrinhos queridos, lembrando as histórias dos avós que nos deixaram há pouco, graças a Deus sem sofrimento.

Me vejo caminhando de mãos dadas com meu amor em uma praia, sentindo o vento gelado no rosto e o sol tímido nas costas, sem grandes preocupações, a não ser acompanhar os passos que se formam na areia fofa e úmida e manter o sorriso largo de ver as crianças correndo um pouco à frente.

Me vejo vivendo de uma maneira leve, simples como agora, mas menos tensa e acelerada. Me vejo finalmente fazendo planos daquela viagem dos sonhos, dos almoços com toda a família reunida, dos momentos de relax com os amigos do peito e pensando que os 50 nem estão tão perto assim.

Me vejo planejando programas como sempre, procurando os lançamentos no cinema e conferindo a agenda cultural da cidade. Me vejo abrindo o vinhozinho de início de noite, feliz ao repousar a cabeça no peito dele mais uma vez e reconhecer naqueles cabelos um tanto grisalhos e ainda desalinhados a alegria e inquietude de sempre.

Mas me vejo, sobretudo, em paz com a vida e pensando em como será difícil desejar alguma coisa diferente disso para os próximos dez anos.