segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Brinde reincidente


Uma das certezas de que a gente, digamos, não cozinha mais na primeira fervura é o efeito aniquilador de uma ressaca pós-noitada quando se tem mais de 30 anos. Pois é. Todo mundo sabe como é aquela sensação de estar imprestável no dia seguinte, enjôo, tontura, sono, dor de cabeça, mas não adianta... atire a primeira pedra quem não é reincidente na ressaca!

No meu caso, a imprudência nem foi tanta assim, mas a soma de cansaço com muito tempo sem beber deu no que deu. Algumas doses de vodca com energético depois e ai, falem mais baixo, por favor! Por sorte e um pouquinho de juízo ainda presente no meu corpo, não cheguei ao extremo de literalmente passar mal, porque me alimentei direitinho antes de cair na noite, mas só o fato de ter perdido um lindo domingo de sol já bastou para que eu me arrependesse dos excessos.

O mais impressionante nisso tudo é constatar que alguns anos atrás não precisava mais do que 12h para me recuperar, mesmo dormindo pouquíssimo, e, bora cair na gandaia de novo! Agora, jezuiz, um dia mal e pelo menos uma semana me arrastando de sono e preguiça! A recuperação parece uma eternidade!

Sim, porque um dos piores efeitos da ressaca, pra mim pelo menos, é o que chamo de sono a prestação. Acordo mil vezes, o sono fica mais leve do que o normal, e fora as primeiras duas horas no berço - que mais parecem um desmaio -, a impressão é de falta total de descanso, por mais tempo que eu repouse.

Além da inércia ao acordar, meu estômago fica sensível, o botão dos carboidratos fica piscando sem parar, seguido pelo sensor da glicose, que só ontem me fez sair do sofá apenas para tomar um sorvete e cometer a insanidade de comprar um pote de doce de leite no supermercado... logo eu, que nunca compro doce de leite! Enfim, só de imaginar uma colherada do doce geladinho foi suficiente para fazer com que eu me sentisse um pouco melhor. Tsc,tsc,tsc.

Hoje cedo, na hora de acordar para o trabalho, o sono remanescente parecia um pesadelo. Fome nenhuma, moleza ao extremo e uma sensação de torpor que nem o seu pior inimigo merece enfrentar! Não preciso nem dizer que a cara está péssima, o humor idem e é recém segunda-feira! Parabéns, Fernanda!

Pra diminuir o estrago, a promessa do dia é caminhada de pelo menos uma hora no final do expediente, mesmo que por ora essa pareça ser uma das tarefas mais difíceis a serem cumpridas! Pelo menos até o próximo excesso etílico... um brinde aos que não aprendem nunca, tin-tin!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Boa lembranças, sempre!


Engraçado como algumas lembranças têm o poder de nos fazer um bem danado. Pode ser uma cena vivida na infância, uma viagem, um encontro especial, o rosto de alguém que não vemos há tempo, o gosto de um prato especial, um cheiro.

Hoje cedo cruzei de carro pela rua com alguém que não via há tempos e me veio uma sensação tão boa na hora. Uma alegria de ver que está bem, que parecia feliz, de bem com a vida.

Tenho certeza que certas pessoas passam pela vida da gente por um motivo certo. Uma amiga sempre fala que cada um tem sua “função social” na vida da gente, e eu acredito.

Na fase que estamos mais fragilizadas, por exemplo, sempre aparece um amigo que se revela mais disponível do que outros. Quando estamos em crise existencial, vez que outra conhecemos alguém especial, que nos faz ver, na hora certa, o valor do que somos e temos.

Quando menos esperamos, acabamos conhecendo pessoas que tornam-se importantes em determinados momentos da nossa trajetória, isso é fato, faz parte do ciclo da gente - a menos que se viva fechado em um casulo, sem dar chance ao acaso e sem olhar para os lados, lógico.

Pode ter certeza que até aquele chefe chato ou o colega mesquinho de trabalho também tiveram papéis importantes para que nos tornássemos profissionais e pessoas melhores ao longo do tempo.

Mas, enfim, voltando à lembrança que me inspirou hoje.
Apesar de eu ter passado pela pessoa feito um raio e ela nem sequer ter me visto, as recordações me fizeram terminar todo o meu trajeto sorrindo, com uma sensação boa, como se ainda fôssemos próximos. Um sentimento de leveza, exatamente como lembro que foi um dia o nosso convívio, leve.

Acabei mandando uma mensagem só para dizer que nos cruzamos sem querer e que, apesar da correria, foi muito bom poder ver que está bem e ter boas lembranças do que passou. Me senti feliz em fazer aquilo, como se eu realmente devesse fazê-lo, mesmo sem esperar resposta alguma. No entanto, ela veio, algumas horas depois, na forma de um agradecimento carinhoso. Exatamente como as lembranças que ficam.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Bússola de aluguel


Me dei conta de que, geralmente, depois de uma fase puxada de trabalho e de pouco descanso, a e inércia passa a me dominar. Inércia não no sentido de ficar parada, sem fazer nada, mas sim de aceitar a rotina imposta e seguir no piloto automático, como se nada demais tivesse acontecido, se o desgaste não fosse tamanho e o barco seguisse normalmente.

Imobilidade talvez seja a palavra mais adequada. Uma certa falta de interesse derivada da exaustão, física e mental. Uma falta de força para traçar novos objetivo, apesar de uma vontadezinha escondida lá no fundo.

Falo isso porque depois de mais de três meses mergulhada em uma campanha eleitoral, longe de casa e dos meus, ainda não consegui me desligar e retomar minhas coisas. Ainda não desacelerei, isso é verdade, mas vislumbro o feriado próximo como a imagem do meu oásis.

A casa segue bagunçada, as roupas para lavar se acumulam, os livros e revistas só crescem na pilha disposta há meses ao lado da cama. Consultas médicas a serem marcadas, revisão do carro, algumas tarefas de casa para serem acertadas, conversas para serem iniciadas, beijos a serem trocados e muita gente para ser resgatada do meu convívio. Fora a agenda cultural e de lazer que me instiga e ao mesmo tempo assusta diante de tanta oferta em aberto.

Minha vontade é fazer as malas e sumir por um tempo. Ganhar a estrada, conhecer novos lugares ou rever outros, ficar sem fazer nada, colocar o pé na areia, tomar um banho de mar, descobrir alguma nova inspiração até a volta. Férias seriam a solução perfeita, não fosse a falta de orçamento e de companhia momentâneos.

Não quero perder a direção, mas não estou conseguindo me concentrar em achar um novo rumo neste momento. Os caminhos parecem repletos, porém incertos. A palavra ócio aparece num sussurrar intenso, sinfonia perfeita para os meus ouvidos.

Me sinto à espera de algo que nem eu mesma sei o que é, de possibilidades infinitas que fogem ao alcance das mãos, de velhas novidades a serem descobertas. Alguém pode me emprestar uma bússola?