terça-feira, 23 de novembro de 2010

Já olhou para o seu umbigo hoje?


Nesse ritmo louco que conduz a vida da gente, nem sempre nos damos conta da importância dos pequenos momentos, das quebras de rotina, de alguns períodos de introspecção. Antigamente, usava-se muito a expressão “olhar para o próprio umbigo”. Hoje, com a correria do dia-a-dia, o domínio das novas tecnologias, das redes sociais e a velocidade que nos utilizamos dessas ferramentas, olhar para o próprio umbigo é o que menos fazemos.

Me dei conta de como é fundamental e necessário darmos uma pausa na rotina ao perceber a minha própria reação diante de situações recentes. Começou com o último feriado, no qual tive a oportunidade de parar e dar uma fugida da cidade. Foram menos de três dias, mas que valeram por meses. Pôr o pé na areia, contemplar o mar, caminhar pela praia e não pensar em mais nada, a não ser naquele momento, funcionou por várias sessões de terapia.

Às vezes impomos ou nos deixamos envolver por um ritmo de vida desenfreado, onde a pressa e a ansiedade imperam de tal maneira, que passamos a protelar ou diminuir os momentos de lazer, os cuidados com nós mesmos, a saúde e até as questões pessoais.

Olhando para o meu umbigo depois disso, em meio ao retorno à vida real, completei a “terapia” me dando ao luxo de destinar uma hora do meu dia para uma sessão de massoterapia. Não preciso nem dizer que a dor física comprovou o estresse, os nós nas costas e quadril, o cansaço acumulado que se arrasta.

Nos dias que seguiram me obriguei a reservar um espacinho da agenda para cuidar de mim e me mimar. Uma ida ao salão, uma volta no shopping, uma caminhada no sol, uma parada para um suco no meio da tarde, uma passada na livraria, um abraço mais apertado em quem se gosta, um almocinho gostoso.

Não adianta, às vezes o corpo e a alma avisam que é hora de dar uma puxada no freio de mão, se permitir e, principalmente, respeitar a sua necessidade naquele momento. Não se deixe em último plano, sua sanidade mental agradecerá!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Confiança no fluxo das coisas


Volta e meia menciono o fluxo das coisas, como aprendi a chamar o tal curso natural das coisas, como justificativa para reverter algum pensamento mais negativo ou até para buscar um entendimento sobre a razão de certos acontecimentos. Acho, realmente, que confiar no fluxo das coisas é uma boa maneira de não estagnarmos diante das dúvidas que aparecem nem de nos surpreendermos demais com certas ocorrências.

Ontem, lendo uma matéria do jornal local aqui de Porto Alegre, reforcei ainda mais essas minhas convicções. O texto contava o infortúnio de uma senhora aqui do Interior que, minutos depois de receber a notícia da cura de um câncer – contra o qual lutava há sete anos -, acabou morrendo atingida por uma árvore centenária que despencou exatamente no pátio da Santa Casa de Porto Alegre.

Tem coisa mais infeliz que possa acontecer a um ser humano? Em fração de segundos comemorar o renascimento, a superação, a vitória que é estar vivo e acabar, pouco depois, sendo vítima de uma fatalidade tamanha?
Fiquei pensando no ditado “estar no lugar errado, na hora certa”.

Noemi Schevitz da Costa, 68 anos, ia ao hospital regularmente para o tratamento oncológico e justamente quando retirava seus últimos exames médicos foi atingida pela copa de um coqueiro de 12 metros de altura. Ventou muito por aqui nos últimos dias, o que deve justificar o dano na árvore já desgastada.

A matéria contava ainda com uma entrevista do marido da vítima, que estava ao lado dela no momento do incidente. Consegui absorver a dor e a tristeza retratada através do rosto daquele homem. Como se não bastasse toda a apreensão que passara ao longo da batalha da mulher contra o câncer, o turbilhão de emoções que atingiram aquele senhor em poucas horas é incalculável. Com a fatalidade, Seu Álvaro perdera a companheira de quase 50 anos de vida em comum, mãe de seu único filho, que reside em Salvador.

É, o fluxo das coisas não erra, escolhe a hora em que realmente as coisas devem acontecer, por mais injusto que isso possa parecer. Dona Noemi passou por uma provação durante o duro tratamento e contou com o apoio do homem com quem dividia a vida há meio século. Comemorou com ele a notícia de sua cura e foi ao lado dele que viveu seus últimos momentos.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sapo X príncipe



Nós, mulheres, ainda temos a ilusão de que príncipe encantado existe e que um dia ele cairá, literalmente, aos nossos pés, com ou sem seu cavalo branco, porém lindo, com corpo escultural e sorriso arrasador (dinheiro no bolso também ajuda, mas não é prioridade entre as prioridades femininas).

Pode até demorar, mas temos certeza de que papai do céu vai olhar aqui pra baixo e que vamos tirar a sorte grande, mais cedo ou mais tarde. E assim vamos vivendo. Por mais desencanada que a menina possa parecer em relação ao assunto, todas nós, sem exceção, temos ou tivemos esse tipo de pensamento pelo menos uma dúzia de vezes. E, apesar dele, nesse meio tempo conhecemos caras legais, outros nem tantos, nos apaixonamos e reapaixonamos, quebramos a cara, choramos e aquele esteriótipo do príncipe nem importa mais.

Só que até chegarmos a esse estágio de desencucação a respeito, muita água rola e deixamos de vivenciar certas coisas exatamente por conta das convenções. Se é baixo ou alto demais, não serve. Se tem uma carequinha proeminente, nem pensar! Se a barriguinha de cerveja está aparente, vira o rosto. Se é magro demais, foge! Se o nariz é grande, fecha os olhos!

Nos acostumamos a procurar e a desejar a perfeição, o que nos dizem ser o ideal, o que nos acostumamos a ver como o aceitável socialmente. Dessa forma, tudo o que foge a isso é rejeitado, condenado e até criticado, como se a vida fosse realmente um comercial de margarina e todos tivéssemos a obrigação de nos mantermos felizes e alinhados o tempo todo.

A culpa não é nossa, as coisas são assim e não é fácil romper barreiras, não ligar para o que os outros vão pensar nem para as aparências. Só que cabe unicamente a nós abrirmos mão dos estereótipos e buscarmos a nossa felicidade do jeito que for para acontecer.

Não estou dizendo aqui que o príncipe não existe e que jamais chegará, muito pelo contrário! Estou apenas chamando atenção para o fato de que ele é mais real do que se imagina e que terá um jeito, uma cara, um corpo, defeitos e imperfeições para cada uma de nós. Afinal, o ditado já diz que “sempre há um chinelo certo para um pé torto”, graças a Deus! Que tal começar cedendo um pouco e sendo menos exigente consigo mesma?