quarta-feira, 6 de abril de 2011

Incomodada ficava só a sua avó?

Engraçado como essa busca pela aparência e corpo perfeitos e o enfrentamento à ditadura da beleza movimentam o mercado cosmético, as academias, os consultórios médicos e, de quebra, ainda tiram o sono de milhares de pessoas. Ontem, lendo com atraso uma matéria de beleza da Marie Claire de março, me surpreendi com o lançamento de produtos, técnicas e cosméticos antes inimagináveis - pelo menos pra mim – e me peguei pensando até que ponto os efeitos colaterais, as contra-indicações e perigos desses tratamentos chegam às consumidoras.

Não condeno aquelas que estão em dia com todas essas novidades, que aguardam ansiosamente a chegada de tratamentos, que se preocupam e querem consumir esse tipo de informação –a té porque todos querem sempre melhorar -, mas me indago sobre a conveniência de certas atucanações e o perigo dessas ditas soluções mágicas que nos vendem como algo trivial.

Na verdade tudo isso me dá um certo medo e me faz pensar até que ponto as coisas não passaram dos limites. A sessão Soluções mágicas para problemas dramáticos traz alguns exemplos claros disso, na minha opinião. Entre as pérolas anunciadas, gel de ácido hialurônico que aumenta o busto em até dois números, “apenas” com anestesia local, ou o creme de manipulação que, aplicado duas vezes por dia, também elevará sua autoestima e decote em dois números. Gente, o que é isso?

Não sou uma pessoa desleixada, mas me considero desencanada quanto a tais assuntos. Tento manter uma atividade física e controlar a alimentação muito mais por questões de saúde do que vaidade, acho que todo o tipo de tratamento (invasivo ou não) é válido, que cada um sabe de si e tem o direito de fazer o que bem entende e de acordo com o seu bolso, mas me assusto, literalmente com a magnitude e a importância que tudo isso têm para certas pessoas. Tenho amigas que deixam o salário em clínicas de estética, que admitem passar por verdadeiras torturas em nome da beleza, que estão sempre se comparando com essa ou aquela modelo de perfeição e que alimentam essa cadeia maluca.





Posso até parecer antipática ou despeitada para alguns, mas não me interpretem mal. Não estou julgando, e sim questionando tudo isso e reforçando minha insegurança quanto à funcionalidade desses tratamentos e o real resultado disso para a saúde da gente – diferente de bem-estar. Certas coisas soam interessantes até, mas parecem irreais. Injetar gás carbônico no corpo (a famosa carboxiterapia), por exemplo, para melhorar a circulação e oxigenação dos tecidos e combater celulite, gordura localizada. Pra mim parece descrição de sessão de tortura e uma amiga garante que dói como se fosse.

Usar ultrasom para queimar gordura e melhorar as formas do corpo, o tal Ultrashape e seus derivados, até parece uma boa opção. Mas e a eliminação da tal gordura pelo organismo? Gera reação semelhante ao Xenical, aquele remédio pra emagrecer que foi moda anos atrás. Ou seja, deixa a pessoa refém do banheiro e impossibilitada de comer certos alimentos sem ter de ficar, literalmente, presa ao trono. Sem contar que ninguém fala do dano que essa “queima” toda pode gerar internamente.

Até que ponto esses tratamentos e soluções todos são eficientes? A longo prazo, quais os efeitos colaterais? Explicações nesse sentido eu não tenho achado e isso me assusta. Será que estou exagerando? Já pensou sobre isso? Valem a pena todos os riscos em nome da beleza exterior? É pra pensar!