quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Plano de voo
Não, não estou na TPM. Mas, sim, estou de mau humor!
E assim tem sido, incontrolavelmente, nos últimos dois dias. Sono atrasado, frustrações profissionais, aperto de grana, saudades dos amigos, vontade de ganhar colo e, ao mesmo tempo, de me isolar.
Não tem jeito, a gente segura o quanto dá, mas uma hora tem de estourar. E eu tenho o defeito de segurar demais, os meus problemas e os dos outros. Portanto, é natural que a cara fique um pouco amarrada, que não sobre muita vontade de falar nem de ser simpática com quem passa. Meu namorado brinca que fico com cara de coruja.
Pois exatamente nesses dias, a Lei de Murphy se sobressai e tudo o que tinha para dar errado acontece. O pneu fura, acaba a água da geladeira quando chego tarde e exausta em casa, três lâmpadas queimam no mesmo dia, e, para piorar as lamúrias, o chuveiro elétrico estraga! Imaginem isso no frio polar que faz aqui no Sul e elevem à terceira potência! Pronto, é mau humor na certa!
Por trauma de infância, tenho mania de arrumar as coisas logo de cara, assim que estragam e, salvo alguns reais a menos, as coisas voltam aos poucos a funcionar lá em casa. Mas minha introspecção nesses dias me fez ver que ando adiando demais algumas ações.
Deixei de chamar o eletricista quando o chuveiro começou a dar sinais de pane e, resultou nisso, banho frio logo cedo, bem no meu dia de crise. E assim tem sido. Tenho adiado o check-up de rotina, a volta ao dentista, a matricula na academia, a dieta. Também não consegui economizar nada esse ano, tampouco planejar aquela viagem.
Pensando nessas coisas me veio uma sensação de boicote incrível! Me dei conta de que eu mesma estou me podando, pessoal e profissionalmente, em alguns sentidos. Não estou 100% satisfeita com as coisas e, bingo, levo mais problemas pra casa e uma coisa leva a outra.
Por que será que algumas situações nos fazem emperrar e outras não? Por que resolvemos tão bem os pepinos dos outros e não nos mexemos para os nossos? Por que será que arranjamos tempo para trabalhar até mais tarde e não para praticar um exercício?
Onde está escrito que o profissional tem de estar à frente do particular? Onde está escrito que a gente trabalha para sobreviver e não para usufruir? Onde está escrito que não somos nossas próprias prioridades? Males da modernidade, chagas do século XXI!
Não podemos nos manter coniventes com o que está traçado, cúmplices do que nos é imposto e do que está convencionado. A evolução de cada um virá no tempo certo, mas ela tem de resultar de um esforço interno e, provavelmente, solitário.
A borboleta está a ponto de fortalecer suas asas e revigorá-las. A próxima etapa será rumo a um voo certeiro! Aham!
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