Nesses tempos de correria plena, onde não ser workaholic tornou-se tão impensável como declarar que se tem gripe A dentro de um ônibus lotado, o mau tempo me deu o primeiro final de semana de folga em mais de um mês. Comemorei feito criança o descanso mais que merecido, fiz planos de leitura, de passeios, de visitas, prometi ao namorado que sairíamos para dançar, tomaríamos umas cervejinhas sem hora para terminar e que veríamos aquela exposição dos mestres da pintura que tentamos ir desde o início do mês.
Adivinhem o placar final do fim de semana? Zero a zero! Sim, choveu torrencialmente de sexta à noite até esta manhã e eu não cumpri NENHUMA das programações prometidas. Não li nada que não fosse a última Marie Claire, me abstive dos jornais, não visitei ninguém, não saí pra dançar e não cometi nenhum pecado diferente da preguiça e da gula! Vi todos os seriados que não consigo acompanhar durante a semana, revi quase uma dezena de filmes de baixo do edredom, cochilei e namorei bastante.
Algum arrependimento? Nãnaninãninha! As anotações que levei na bolsa para adiantar algumas matérias ficaram intactas. As receitas que queria ter testado, idem. As sacolas de roupa suja não se moveram e nem ao supermercado eu fui. Falei pouco ao telefone, não chequei e-mails, mas, em compensação, aproveitei o aniversário de 83 anos do meu avô e o almoço de Dia dos Pais para curtir momentos valiosos – e cada vez mais raros- em família. Coisas que, parafraseando a propaganda do cartão de crédito, não têm preço!
O ócio faz bem à pele, diminui as olheiras, melhora o humor, atenua os sintomas da tpm, melhora o tônus muscular a cada espreguiçada mais longa, regula o intestino graças às mastigadas sem pressa e, sim, retarda o envelhecimento precoce! Tem coisa melhor do que isso? E não estou falando do ócio criativo, não! Falo do ócio preguiçoso mesmo. Aquele em que o máximo de esforço que se faz é ir da cama para o sofá, do sofá para a janela, da janela à geladeira e assim por diante.
Finais de semana como o meu último deveriam ser obrigatórios por lei, pelo menos uma vez por mês. Por mais que não substituam as tão sonhadas férias, renovam o ânimo, oxigenam o cérebro, dão fôlego novo à semana de trabalho e clareiam as idéias - que tendem a ficar turvas em meio à correria do dia a dia. Se eu trabalhasse na área de RH, adicionaria um final de semana mensal de ócio obrigatório a todos os contratos de trabalho. Não tem receita melhor! E vamu que vamu que hoje já é segunda-feira!
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Você é o que você veste?
Fiquei mais de dez dias sem conseguir parar para escrever, mas por uma semana não tirei um absurdo da minha cabeça. Li em algum site desses de notícias que uma jornalista de 40 anos fora condenada, no Sudão, a receber 40 chibatadas. Detida no dia 3 de julho, a coitada ficou quase um mês presa e foi sentenciada na semana passada unicamente por vestir calças.
É, o crime cometido por ela foi ir contra o conservadorismo islâmico, que não permite que mulheres usem calças. As vestimentas são consideradas indecentes pelos sudaneses, onde somente os não muçulmanos não são obrigados a seguir a lei islâmica, que predomina na capital, Cartum.
Lubna trabalha em um jornal da cidade e no Departamento de Imprensa da missão das Nações Unidas no Sudão e foi presa em um restaurante, por um grupo de policiais que escolhia a dedo as mulheres que queriam levar. Além dela, outras 12 mulheres na mesma situação foram encaminhadas a uma delegacia por usarem calças. Das 13 detidas, 10 receberam 10 chibatadas, porque eram do sul do país, onde a lei islâmica do Norte, a chamada a sharia, não é aplicada.
Os jornais diziam que Lubna é conhecida por suas críticas ao governo do país. Ela é autora de uma coluna semanal para jornais do país, chamada Kalam Rijal, que, na tradução literal significa "conversa de homem”, referindo-se ao preconceito que as mulheres sofrem até para se manifestarem diante de seus maridos, pais e filhos. Pela cultura islâmica, o que as mulheres falam costuma ser algo risível e não confiável.
Antes de comparecer à corte, a jornalista afirmou que o problema que ela enfrenta é também o problema de centenas de mulheres que são chicoteadas todos os dias devido às roupas que usam. E, pior, saem dessas sessões envergonhadas e tratadas como párias pelas próprias famílias, que não admitem tal desfeita.
Além da ridícula motivação da punição em si, por mais que eu reconheça que vivemos em uma cultura totalmente diferente, da qual muitas vezes torna-se impossível entender, é inadmissível aceitar que a lei islâmica ainda mantenha rigidez a certos costumes que já deveriam ter caído por terra, principalmente no Sudão, país dividido entre as crenças, com o Sul cristão, que não reconhece tais leis islâmicas.
Em pleno século XXI, é triste constatar que a “evolução” das pessoas ainda está presa a crenças e a costumes absurdos, onde humilhar semelhantes é prática normal e corriqueira. Até quando vamos ter de agüentar notícias como essas?
É, o crime cometido por ela foi ir contra o conservadorismo islâmico, que não permite que mulheres usem calças. As vestimentas são consideradas indecentes pelos sudaneses, onde somente os não muçulmanos não são obrigados a seguir a lei islâmica, que predomina na capital, Cartum.
Lubna trabalha em um jornal da cidade e no Departamento de Imprensa da missão das Nações Unidas no Sudão e foi presa em um restaurante, por um grupo de policiais que escolhia a dedo as mulheres que queriam levar. Além dela, outras 12 mulheres na mesma situação foram encaminhadas a uma delegacia por usarem calças. Das 13 detidas, 10 receberam 10 chibatadas, porque eram do sul do país, onde a lei islâmica do Norte, a chamada a sharia, não é aplicada.
Os jornais diziam que Lubna é conhecida por suas críticas ao governo do país. Ela é autora de uma coluna semanal para jornais do país, chamada Kalam Rijal, que, na tradução literal significa "conversa de homem”, referindo-se ao preconceito que as mulheres sofrem até para se manifestarem diante de seus maridos, pais e filhos. Pela cultura islâmica, o que as mulheres falam costuma ser algo risível e não confiável.
Antes de comparecer à corte, a jornalista afirmou que o problema que ela enfrenta é também o problema de centenas de mulheres que são chicoteadas todos os dias devido às roupas que usam. E, pior, saem dessas sessões envergonhadas e tratadas como párias pelas próprias famílias, que não admitem tal desfeita.
Além da ridícula motivação da punição em si, por mais que eu reconheça que vivemos em uma cultura totalmente diferente, da qual muitas vezes torna-se impossível entender, é inadmissível aceitar que a lei islâmica ainda mantenha rigidez a certos costumes que já deveriam ter caído por terra, principalmente no Sudão, país dividido entre as crenças, com o Sul cristão, que não reconhece tais leis islâmicas.
Em pleno século XXI, é triste constatar que a “evolução” das pessoas ainda está presa a crenças e a costumes absurdos, onde humilhar semelhantes é prática normal e corriqueira. Até quando vamos ter de agüentar notícias como essas?
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