terça-feira, 9 de novembro de 2010

Confiança no fluxo das coisas


Volta e meia menciono o fluxo das coisas, como aprendi a chamar o tal curso natural das coisas, como justificativa para reverter algum pensamento mais negativo ou até para buscar um entendimento sobre a razão de certos acontecimentos. Acho, realmente, que confiar no fluxo das coisas é uma boa maneira de não estagnarmos diante das dúvidas que aparecem nem de nos surpreendermos demais com certas ocorrências.

Ontem, lendo uma matéria do jornal local aqui de Porto Alegre, reforcei ainda mais essas minhas convicções. O texto contava o infortúnio de uma senhora aqui do Interior que, minutos depois de receber a notícia da cura de um câncer – contra o qual lutava há sete anos -, acabou morrendo atingida por uma árvore centenária que despencou exatamente no pátio da Santa Casa de Porto Alegre.

Tem coisa mais infeliz que possa acontecer a um ser humano? Em fração de segundos comemorar o renascimento, a superação, a vitória que é estar vivo e acabar, pouco depois, sendo vítima de uma fatalidade tamanha?
Fiquei pensando no ditado “estar no lugar errado, na hora certa”.

Noemi Schevitz da Costa, 68 anos, ia ao hospital regularmente para o tratamento oncológico e justamente quando retirava seus últimos exames médicos foi atingida pela copa de um coqueiro de 12 metros de altura. Ventou muito por aqui nos últimos dias, o que deve justificar o dano na árvore já desgastada.

A matéria contava ainda com uma entrevista do marido da vítima, que estava ao lado dela no momento do incidente. Consegui absorver a dor e a tristeza retratada através do rosto daquele homem. Como se não bastasse toda a apreensão que passara ao longo da batalha da mulher contra o câncer, o turbilhão de emoções que atingiram aquele senhor em poucas horas é incalculável. Com a fatalidade, Seu Álvaro perdera a companheira de quase 50 anos de vida em comum, mãe de seu único filho, que reside em Salvador.

É, o fluxo das coisas não erra, escolhe a hora em que realmente as coisas devem acontecer, por mais injusto que isso possa parecer. Dona Noemi passou por uma provação durante o duro tratamento e contou com o apoio do homem com quem dividia a vida há meio século. Comemorou com ele a notícia de sua cura e foi ao lado dele que viveu seus últimos momentos.

6 comentários:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Fluxo das coisas... no local errado e na hora errada. Menina fiquei chocada com a morte dela, mas, ao menos ela antes de partir soube que ficou curada e chegou onde almejava que era a cura.

Fernanda disse...

é, márcia, às vezs o destino impressiona, né? enfim, não temos como brigar com ele, certo?
beijão

Afrodite disse...

Notícia forte,hein?
Consegui se salvar de algo tão pouco curável(entre adultos!) e foi morrer de algo improvável...
Nem imagino o que seu viúvo sente nesse momento!
O fluxo das coisas se deu de forma estranha e mostrou o quanto somos frágeis diante do destino,também conhecido como fatalidade!

3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Super me identifiquei! Eu também gosto de parar, refletir e tentar aceitar as idas e vindas da vida. O fluxo das coisas.

Beijão, ótimo finde,

Bela - A Divorciada

Alvaro Neto disse...

Ótimo post, o blog tá lindo. Pra quem quiser se aprofundar no fluxo das coisas, vale a pena ler:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Yin-yang

http://pt.wikipedia.org/wiki/Wu_wei

Alvaro Neto disse...

Ahhhhh, tem mais este link também!

http://to-campos.planetaclix.pt/taoismo/otao2.htm