segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

É dia de feira


Quando os 30 ainda são distantes, a gente sempre pensa que nunca vai se aquietar, tamanha a pressa que tem de tudo: viver, amar, trabalhar, conhecer, aprender, beber, dançar, viajar, experimentar. Depois, quando os inta estão mais perto dos enta, constatamos que, de fato, o ritmo vai diminuindo e a pressa idem, dando chance a uma percepção da vida de maneira diferente.

Não, não deixamos de querer viver, amar, trabalhar, conhecer, aprender, beber, dançar, viajar, experimentar, muito pelo contrário, mas passamos a dar valor também a pequenos gestos e momentos. Ultimamente, uma animada reunião com amigos, um almoço gostoso com a minha mãe, uma tarde jogada no sofá vendo um bom filme, um passeio despretensioso de mãos dadas têm para mim muito mais valor do que qualquer balada.

Há menos de um mês, por exemplo, adquiri um novo hábito que tem alegrado o final de tarde das minhas terças-feiras: ir à feira. Pois é. Escolher frutas, legumes e verduras, provar queijos e iguarias, pechinchar com os feirantes se transformou em um programa e tanto! Semanalmente, eu e meu namorado fazemos a feira com prazer, encontramos amigos em meio às barracas, contamos alegres as moedinhas que ficam por lá e enchemos o porta-malas com orgulho da economia feita e do incentivo à dieta saudável.

Chegar em casa e descarregar as compras, lavar e guardá-las com cuidado e até pensar na melhor combinação para o jantar torna-se uma festa. Se acontece de trabalharmos até mais tarde ou de termos um compromisso que nos impeça de cumprir com nossa meta, ficamos até sentidos, sinal de que fazer a feira faz bem também à saúde mental!

Engraçado que eu não me imaginava gostando tanto das atividades triviais como agora. A rotina da casa – não sua arrumação, é claro -, tem me agradado demais e semanas em que não há compromissos que me tirem do sofá laranja à noite me deixam demasiadamente feliz! Não que eu rejeite convites, por favor!

Enfim, tenho percebido uma quietude interna, uma curiosidade por outros interesses antes inimagináveis, uma priorização diferente dos meus interesses, uma vontade de planejar mais e me arriscar menos. De me valorizar mais e de me doar menos, de me dividir menos e de me somar mais! Acho que, além de me sentir mais plena, finalmente, saí do meu inferno astral. E o ano está só começando. Aham!

2 comentários:

Alvaro Neto disse...

engraçado que a gente tem isso na infância, depois perde isso quando adulto e sofre às vezes até isso voltar, se é que acaba voltando

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Oi Fernanda, lindo texto, ele me provoca tantos pensamentos sobre minha própria vida que se eu tivesse escrito não seria tão perfeita! adorei! bjs