quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Perdas e ganhos


Daqui a uma semana completa um mês da morte do meu pai e desde o ocorrido tenho procurado assimilar o fato, a minha reação e a dos outros e o que essa perda passa a representar, da minha maneira.

Independente da relação que eu mantinha com ele nos últimos anos, é inegável que o sentimento que fica é o de perda de referências. Ou seja, parte de mim ou do que eu entendia da minha formação como indivíduo foi-se com ele. Daqui para a frente não sou a Fernanda filha do Bruno, sou a Fernanda apesar do Bruno. Sou a Fernanda além do Bruno e isso soa estranho.

Crescemos e nos formamos tendo nossos pais como referências diretas, independente do momento que vivemos e da relação que mantemos com eles posteriormente. O caminho que a vida de cada um de nós toma ou tomará é influenciado diretamente por isso, para o bem ou não, em algum momento determinado, não tem jeito.

Meu pai foi bastante presente na minha infância e na dos meus irmãos, mas da maneira dele. Passava a imagem do provedor da casa, estava por ali, era carinhoso e atencioso no limite dele. Poderia ter feito ou se doado mais? Sim, poderia, mas quem garante que não fez um esforço inexorável na visão dele? Cada um é de um jeito, não adianta, e esse jeito resulta da maneira como se viveu, como se foi tratado, ensinado, como a pessoa sentiu e agiu ao longo dos tempos.

Depois dos filhos adultos, ele continuou presente, porém distante. E as coisas tomaram o rumo que tinham de tomar, seguiram o fluxo que era pra ser. Independente de expor a minha opinião a respeito de como ele foi como pai fica a idéia de que ele foi, do jeito dele. As mágoas e alguns ressentimentos ficam, mas a tendência é que sejam minimizados com o passar do tempo. Eu e meus irmãos estamos bem, crescemos saudáveis, fortes e estamos seguindo o nosso rumo, independente disso tudo.

Com a ida repentina dele, cada um digeriu seus sentimentos de uma forma, afinal, há diferentes maneiras de viver e de reagir diante da perda. Aliás, somente ela nos torna iguais como seres humanos, já que todos passaremos por ela em algum momento.

As perdas permeiam o cotidiano sim, mas dependem não só delas mesmas, mas igualmente de nós, de como decidimos vivenciá-las, já que as reações diante do mesmo acontecimento variam de pessoa para pessoa. E é esse o ensinamento e o ganho que fica.

4 comentários:

Mille disse...

Xuuuuuuuuuu............tuas palavras me tocam a alma!!! te amo!! E a vida é isso, nossa postura perante os fatos!! Um beijo amiga!

Alvaro Neto disse...

muito bem escrito, verdadeiro e bonito, tudo a ver com esta combinação só tua de força e doçura.

Afrodite disse...

Achei bonita a forma como vc descreveu tua interação com o homem que te deu tb a vida.
Agradeça por ter sido ele alguém tão confiavel e amado.
nem todos os pais merecem tal homenagem e honra.
O meu foi o pior dos homens que já cruzou meu caminho.
Beijo!

Fernanda disse...

Obrigada a todos pelos comentários. É engraçado ver como cada um interpreta o que a gente tenta dizer de maneira diferente. beijos atodos