quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Banho pra que te quero


Engraçado como algumas ações corriqueiras podem fazer toda a diferença na vida da gente. Me dei conta que há tempos eu não conseguia tomar um banho demorado, daqueles ritualísticos e renovadores. Pode parecer bobagem, mas para a maioria das pessoas que, como eu, faz do banho um despertador, se dar ao luxo de se render a uma ducha gostosa por meia hora, com direito a sabonete esfoliante, foi demais!

Se o banho relaxa, traz conforto e energiza, por que, então, não consigo me dar ao direito de tomar um puta banho diariamente? Não tem explicação plausível! De manhã não há chance, tudo bem, é aquele banho-susto. De noite chego moída e acabo só tomando uma ducha rapidinha pra dormir, mas não dá mais pra postergar a “ducha do descarrego” na minha vida.

Tô seriamente pensando em passar a agendá-la. Convite pra cinema, jantar fora, encontro com a família? “Hoje não vai dar, tenho compromisso com o descarrego”. “Sobra meia hora antes da estreia da nova temporada de Brothes & Sisters? Opa, vou encaixar ali um descarrego”. Pronto, decidido!

Parece piada, mas é tagicômico. A que nível de estresse chega a pessoa que acaba transformando um banho caprichado em um evento! A culpa é toda minha, eu sei. Não arranjo tempo pra mim, não encaixo um exercício na agenda, quiçá um banho de meia hora. Mas como mudar uma rotina enlouquecedora agora? Acho que vou ter de recorrer a mais um banho renovador pra pensar melhor...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Um basta ao preconceito linguístico!


Feriado que se preze tem que ter descanso, boas companhias e livros. Para a Festa de Momo na praia, com previsão de chuva e sem televisão por opção, pus na mala um romance do Agualusa (Barroco Tropical), mas não consegui tirar os olhos do excelente “Preconceito Lingüístico- o que é, como se faz”, de autoria do professor de Língua Portuguesa Marcos Bagno.

A obra caiu em minhas mãos por acaso. Procurava um minidicionário atualizado com as novas regras ortográficas e quando achei a prateleira desejada tava lá o livrinho que atiçou minha curiosidade. Digo livrinho não de fora pejorativa, mas porque o best seller de Bagno - já em sua 51ª edição e mais de 180 mil exemplares vendidos - foi editado no formato de bolso. De cara fui seduzida pelo título, li a orelha, a contracapa, o perfil do autor e meia dúzia de páginas ali mesmo, de pé em frente à prateleira.

Não conhecia o trabalho de Bagno nem o livro que ainda não acabei de ler, mas desde a primeira passada de olhos desejei concluí-lo o quanto antes e me vi balançando a cabeça positivamente, concordando com tudo o que o professor expressa ali. A defesa do autor é simples, Bagno abre os olhos do leitor para a existência da discriminação social por meio da linguagem, uma chaga que perdura no Brasil em pleno século XXI, consolidando-se, embora veladamente, em mais uma forma de exclusão social existente nesse imenso Brasil.

Bagno sugere que a educação lingüística deve respeitar a diversidade cultural e geográfica do país, contesta o ensino do português por meio da supervalorização de regras inúteis na prática diária do cidadão e mostra que qualquer manifestação lingüística deve ser levada em conta, pois “é parte inalienável da identidade pessoal e coletiva” de cada um de nós. Ele discute mitos, analisa a prática docente da Língua Portuguesa e, entre outras coisas, reitera a necessidade de democratizar o ensino do português.

Não é preciso ser acadêmico e conviver com esse meio para supor que, graças a essas suas defesas, Bagno têm levantado críticas e apoios pelos quatro cantos. No Brasil é assim, tudo o que envolve contestação gera polêmica, burburinho e divisão.

Ainda me faltam alguns pares de páginas para avançar nas teorias do professor, mas o que li até então me fez respirar aliviada por saber que ainda há pessoas sensatas e movidas pelo desejo de colaborar para a construção de uma sociedade democrática, que considera e respeita as diferenças e que acredita que a inclusão passa sim pela compreensão da forma como se expressa e se interpreta o português, que, com certeza, não condiz com o que vem sendo historicamente ensinado nas escolas brasileiras.

Se somos resultado do meio no qual estamos inseridos, como julgar errada a forma de falar de indígenas, brasileiros que vivem em áreas de fronteira, jovens, analfabetos e assim por diante? O que determina que os brasileiros do Sul falam melhor o português do que os do norte? E mais, quem disse que o português correto só é falado em Portugal? Aliás, em que se resume o português correto, ainda mais na era cibernética das abreviações e figuras de linguagem?

Parabéns a Bagno pela iniciativa e por levantar questões tão corriqueiras, porém tão pouco debatidas como a nossa própria língua! Assim que encerrar minha leitura, prometo retomar o assunto.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Irritada, eu?


Me considero uma pessoa pacienciosa, dentro do possível. Mas, em algumas situações, já percebi que não consigo me controlar, não tem jeito, ações cotidianas tornam-se um martírio.

Banheiro de shopping, por exemplo, me tira do sério, porque simplesmente não consigo secar as mãos naquelas máquinas de ar. Aliás, alguém consegue? Faça-me o favor! Aquilo é uma tremenda enrolação, perde-se tempo, fica-se lá parada com cara de boba e a mão segue molhada.... tudo bem que é bom para o meio ambiente e tal, economiza papel, mas não dá! No fim, passo a mão na calça e era isso, tá seca rapidinho!

Porta giratória de banco, então? Tira celular da bolsa, carteira, chave, cinto, brinco, anel e segue apitando aquela bosta. Um dia me imagino só de lingerie, aos berros, brigando com o segurança e o troço ainda apitando. Aff maria, é outra coisa que me irrita tremendamente. Mais ainda porque o cara que vai lá assaltar, entra de revólver e tudo e não é barrado, certo?

A terceira é gente desconhecida que puxa papo em fila ou elevador. Acho um saco, na boa! Me irrito com gente que insiste em forjar intimidade, puxar um papo, nem que seja pra falar do tempo. Tá na fila, já é um saco, fica quietinho que passa! Pronto, falei.

Que mais? Pizza de quatro queijos. Isso me irrita. Porque amo queijo, sou queijólatra assumida e esse é meu sabor de pizza preferido. Mas, salvo duas ou três pizzarias da cidade, as outras só enrolam, mas não têm nem dois queijos! Mussarela e parmesão ralado não tão valendo! Não mesmo! Pizza de queijo que se valha tem de ter muito gorgonzola, provolone, e, aí sim, até cabe o básico mussarela-parmesão. Tem coisa mais chata do que pedir uma pizza quatro queijos e ela vir com gosto de NADA? Odeio quando isso acontece e fico de mau humor!

Outra coisa irritante é gente tagarelando perto de mim em pleno cinema! Essa semana fui a primeira a entrar na sala, escolhi um lugarzão bem no meio, me instalei toda feliz e pá, uma turma de aborrecentes sentou atrás e não calava a boca! Risinhos descontrolados- como a gente acha graça quando é adolescente, né? -, conversas altas, e o celular tocando. Juro que tentei agüentar, mas tive de me levantar do lugar perfeito para conseguir me concentrar no filme, uma pena. Lá pelas tantas ouvi alguém mandando elas calarem a boca, muito chato gente que não se toca. E não é porque é adolescente, educação não tem idade!

O mesmo vale para gente que fala alto em restaurante. Poxa, a gente ta lá, com uma companhia agradável e tem que ficar ouvindo as tragédias ou curiosidades dos outros? O que me interessa se o vizinho de mesa vai operar a fimose, se a irmã se divorciou, se o filho ta na praia? Tem gente que, definitivamente, não se manca ou não consegue viver sem ser o centro das atenções, só pode ser isso!

E você, conta aí o que tem te irritado ultimamente?