quinta-feira, 29 de abril de 2010

Respirarte!


E se a fuga se faz necessária, nada como um pouco de arte para ajudar a desbloquear a mente. Ontem participei da abertura da SP-ARTE, a Feira Internacional de Arte de SP. Em sua sexta edição, a mostra reúne no Pavilhão da Bienal 80 galerias de arte moderna e contemporânea e se firma, com certeza, como um dos grandes encontros das artes plásticas na América Latina.

No total, 1,5 mil obras espalhadas por estandes e corredores mostram aos visitantes o que vem sendo produzido por criativos renomados e jovens talentos em ascensão. Ciceronada por minha irmã que mora em Sampa e namora um empresário do ramo, soube que a Feira foi inspirada nos grandes eventos internacionais de arte e que hoje já se consolidou como uma referência para colecionadores brasileiros e internacionais.

Para quem anda borocochô como eu, umas tacinhas de champanha de lambuja e muitas novidades coloridas preencheram perfeitamente a minha noite. Nas três horas em que saracoteei pela Bienal, me surpreendi com formas e coloridos inusitados, com a poesia das fotos em PB e com formas de arte muitas vezes impensáveis para aqueles que, como eu, admiram tudo o que pode virar arte por aí. O resultado foi um cartucho de memória cheio de fotos e um alento ao perceber que eu era mais uma ali a respirar a arte direto da fonte.

Por algumas horas, quase esqueci dos reais motivos que me trouxeram até aqui, do sono interrompido, da falta de apetite, dos enjôos e do desânimo que bate vez que outra. Á noite me peguei até sorrindo ao lembrar do meu próprio espanto quando a manicure perguntou do meu estado civil. Por alguns segundos não sabia o que responder e tive de procurar o olhar amoroso da minha irmã para poder respirar fundo e responder: “tô recém solteira”. Pronto, saiu, ufa. Achei que fosse doer mais, mas me dei conta de que não adianta querer nadar contra a maré. Principalmente quando é a própria que trata de nos afastar, como um imã.

A sabedoria popular diz que “nada como o tempo”, certo? Estou apostando nisso e aproveitando todas as possibilidades diferentes que me aparecem para tentar respirar mais profundamente e recuperar o meu ritmo pulmonar. Nesse caso, respirando arte já me pareceu um bom começo. Respirarte!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Conversando com as nuvens


A última vez que peguei um avião , há exatos dois meses, tinha ele ao meu lado. Hoje, viajo para me desvencilhar das lembranças, pelo menos por um tempo. Nunca pensei que a fuga fosse necessária, nunca a considerei uma opção. No entanto, hoje aposto nela como uma chance momentânea para tentar colocar a cabeça em ordem, enquanto aguardo uma explicação que ainda não veio.

Em uma semana mudaram o curso da minha rotina e esqueceram de me avisar. E agora? Me sinto como aquela passageira que perdeu o trem no último minuto, como a menina que não foi convidada para a festa dos coleguinhas, como a mulher que segue presa em um universo paralelo. E como sair dele, alguém pode me dizer?

E mais, alguém pode me ensinar o que fazer com as lembranças tão latentes, com os cheiros e a voz que ainda sinto e escuto quando fecho os olhos? E o que fazer com os planos, as risadas deliciantes, os filmes a serem assistidos, as fotos que dominam minha mente, os passeios de ontem?

E como fazer para bloquear convivências, evitar lugares e desligar o botão? Por que nenhum meteorologista previu a tempestade que viria? Por que falharam os oráculos?
Lá embaixo a metrópole vai ficando pequenininha, enquanto deixo mais uma lágrima presa no olho.

Quem dera nas nuvens eu encontre uma resposta.

sábado, 17 de abril de 2010

Vale um post para driblar a espera?


Descobri que não lido bem com a espera. Que ficar olhando para o relógio a cada 10 minutos embrulha meu estômago, acelera meus batimentos cardíacos e me deixa de presente uma indesejada ruga na testa. Apesar disso, percebi também que escrever me acalma e faz o tempo parecer passar um pouco mais devagar. Por isso a razão de ser deste post.

Andei pensando esses dias em como algumas crendices podem, sim, deixar de sê-las e passar a condição de constatações. O mau pressentimento, por exemplo. Passei a semana com o coração apertado, com uma certa melancolia e insegurança que não costumam fazer parte da minha personalidade. Não, obviamente que segurança não é uma das minhas principais virtudes – e penso que não é também da maioria das mulheres - mas salvo os dias de TPM e estresse extremos, me orgulho de ser uma pessoa leve. Leve não no sentido de ser despreocupada, mas leve no sentido de preferir sempre o sorriso largo, as descomplicações a me deixar vencer pelas intempéries da vida.

Assim sendo, algo me incomodou a semana toda e me fez perceber um mau pressentimento martelante, apesar de não saber direito o que era ou é. E assim continuo nesse momento em que escrevo. É difícil de explicar, um sentimento chato, imagine algo como uma mistura de azia e taquicardia. Dá pra gostar? Não dá.

Procurar respostas para o que estou sentindo ocupou um pouco do meu final de semana, algumas suposições para o mau presságio podem até vir a se concretizar, mas, ao mesmo tempo, algo lá no fundo, na minha essência, me faz lembrar em instantes que sou uma pessoa forte, que resisti bem até agora aos tombos que a vida impôs ao meu caminho e que me fizeram, logo ali, levantar com mais garra e vontade ainda de recomeçar.

Pode parecer coincidência, se é que elas existem, mas ao chegar de uma viagem de trabalho e ligar a televisão, me deparei com um seriado que tinha despedidas e recomeços como tema. Duas coisas que também causam na maioria das pessoas sensações como embrulho no estômago, taquicardia e muita ruga na testa. A mensagem do seriado americano era de que, às vezes, despedidas são necessárias para nos mostrar o quanto o ser humano precisa investir em recomeços. E isso é verdade. Recomeços na carreira, na vida, nas amizades, nos amores, no que for, são sempre difíceis, mas nem por isso menos importantes e necessárias em determinadas etapas.

Acho que amadurecer é isso. Tirar da cartola dúvidas, imaginar soluções e perder um pouco de tempo fazendo suposições até sobre o que não sabemos direito o que é. Por hora, sei que o que me incomoda é a espera. Espera por uma sacudida que só depende de mim. A azia e a aceleração dos batimentos ainda insistem com o término desse texto, mas sem elas, com certeza eu não estaria, nesse momento, pensando em como tirar essa ruga insistente da minha testa.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pedra pra que te quero


Quem me acompanha no blog sabe que não é de hoje que reclamo do cansaço acumulado nesses três anos sem férias. Pois é, culpa minha, um certo descaso com minha saúde (física e mental), admito, somado a um mix de rotina desrotinizada, preguiça e falta de horário fixo para praticar um exercício físico. Okay, okay, mereço todos os pitos que levarei após esse rápido mea culpa, mas não é exatamente sobre isso que quero me deter.

Fiz essa enrolação toda, o chamado nariz de cera no jornalismo, para dizer que sinto, sim, que minhas energias estão precisando de renovação e que comprovei isso, acreditem ou não, recentemente.

No meu aniversário do ano passado, há pouco mais de quatro meses, ganhei da minha mãe um lindo anel de prata com uma pedra esverdeada não menos deslumbrante. O acessório tornou-se meu melhor amigo de infância, daqueles de encarar os mais diferentes eventos, dia e noite, noite e dia, faça chuva ou faça sol.

Pois bem, no primeiro dia de março - praticamente virada do show do Coldplay que assisti no Rio- fui dar um rápido abraço em uma amiga pelo aniversário comemorado 2 dias antes e, quando me dei por conta, a pedra do anel já tinha se desprendido da base e quicava como bola de ping-pong pelo chão do bar. Na verdade, nem percebi a tragédia, não fosse uma outra amiga ouvir o barulho e acompanhar a queda sem conseguir evitar o pior.

O anel, que antes reinava soberano na minha mão esquerda, virou um ínfimo pedaço de prata vazio. E a pedra verde ovalada, antes onipotente, virou um pedaço de pedra lascada e opaca devido ao choque. Claro que o valor sentimental da peça me fez sentir ainda mais o ocorrido, mas minha porção mulherzinha também acabou inconformada com a perda do anel.

Um mês depois, me surpreendi ao ouvir minha mãe comentar que não houve jeito de trocar ou mandar a peça para conserto na loja. Da vendedora, ouviu uma longa explicação sobre a energia e magnitude das pedras e o conselho de que não mandasse a dita cuja para conserto e me desfizesse da peça lascada.

E mais, acreditem ou não, a vendedora avisou que, geralmente, quando uma pedra cede e cai, significa um aviso de que algo de ruim estava por acontecer a quem a manuseava. Ou seja, a pedra caiu para evitar que algo de ruim acontecesse comigo. Perdoem-me os céticos, mas algo me fez crer naquela história e parar de lamentar a perda do anel.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Simples momentos


Que a gente precisa prestar mais atenção nas coisas simples e corriqueiras, estamos cansados de saber. Então, por que será que só nos damos conta disso vez que outra?

Falo isso porque, ontem, dois momentos diferentes me fizeram pensar assim. Percebi que no meio do turbilhão que a gente vive, muito pouco tempo é gasto com coisas que merecem tempo para serem apreciadas, percebidas ou apenas lembradas.

Primeiro, durante a confusão do meu dia, dei uma descida para ir ao banco e me deparei com uma borboleta laranja, de um tom tão vivo e vibrante que me prendeu por alguns segundos. Em sua busca por pólen entre as flores amarelas do canteiro, o vôo parecia até um balé, de tão perfeito. Poesia pura a cena, até tornou minha espera na fila do banco menos chata!

Tempo depois, quando deitei, exausta e cheia de caraminholas na cabeça, tive outro insight desse, quando me concentrei no perfume da fronha recém tirada da gaveta. Era um cheiro tão relaxante, passava um frescor de lavanda, um perfume de campo e limpeza tão bom, que meu sono foi uma delícia.

Parece bobagem, mas nesses dois rápidos momentos deixei minha mente meio que esvaziar e me concentrei apenas naqueles instantes. Imediatamente me vieram lembranças boas, rostos de pessoas queridas, passagens que estavam guardadas, mas ainda assim muito vivas na memória.

Valorizar as coisas simples da vida, os gestos, os cheiros, as cores, os gostos deveria ser obrigação da gente pelo menos uma vez ao dia. Estou convicta de que são os pequenos grandes momentos que realmente nos marcam! Só que, infelizmente, hoje temos a tendência de valorizar bem mais a coisa material do que os momentos de simplicidade. Todos somos assim, não adianta!

Claro que a emoção de comprar o primeiro carro zero, a conquista de realizar uma viagem tão desejada, de ter o seu próprio cantinho são sensações indescritíveis. Mas colocar o pé na areia, tomar um bom banho de mar, caminhar de mãos dadas, receber um abraço apertado de mãe, sentir o cheiro de bolo assando, perceber o barulho da chuva, o cheiro do mato, por exemplo, não tem dinheiro que pague!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Não ao tsunami emocional!


No dia a dia da gente não são raros os momentos em que ficamos suscetíveis aos transtornos de humor dos que nos cercam. Tanto no trânsito quanto no trabalho e em casa temos de driblar as idiossincrasias dos outros constantemente e isso não é tarefa fácil.

Fiquei pensando no que leva certas pessoas a transformar em tempestade uma simples brisa. Por que tem gente que não consegue ou não admite estar de bem com a vida, que tem de achar problema onde não há e que em cinco minutos consegue agir negativamente sobre o outro? Por mais que eu tente deixar a razão me dominar e não desanimar diante de situações como essas, nem sempre consigo.

Sou uma pessoa otimista, já passei meus perrengues e até em momentos extremos não deixei a peteca cair. Por isso, pra mim é tão difícil entender a cabeça dos que têm uma certa tendência à perturbação alheia. Certas ações me incomodam demais, mas faço de tudo para não deixar que aborrecimentos se transformem em desânimo.

Principalmente porque, com o tempo, esse desânimo pode dar margem a uma tímida dorzinha na alma, daquelas que não fazem bem a ninguém e que podem tomar uma proporção absurda. Por isso, acredito que é preciso travá-la assim que começar a incomodar aquele cantinho do estômago, sabe?

Tudo bem, todos temos nossos dias ruins, mas nem por isso precisamos ou temos o direito de arrastar os outros conosco nem transformar nossas incertezas e inquietudes em verdadeiros tsunamis emocionais.

Respirar fundo, repensar e dar tempo a si e ao outro de pensar e reconhecer as fraquezas pode ser um bom começo para, logo, logo, voltar a sorrir. Eu optei por esse caminho e já tirei o ar sisudo da cara. Falta a contrapartida. E você, que tal tentar?

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Ousar é não se deixar vencer pelo medo

Pessoal, por falha minha, ocultei a possibilidade de comentários na postagem anterior. Por isso, coloco o texto novamente hj. Desculpe aos que tentaram comentar e obrigada à Marcia pelo aviso!


Dirigir sempre é um ato que me acalma. Apesar das loucuras do trânsito de hoje, todas as vezes em que preciso pensar mais profundamente na vida ou tomar alguma decisão importante, pego o carro em direção ao Rio Guaíba e dou uma boa espairecida. No final de semana funcionou assim.

Meu ânimo não estava dos melhores, tinha uma decisão importante a tomar e a chuva que caiu me convidou a uma volta melancólica pela cidade. Durante o meu trajeto, aos poucos, as coisas foram clareando e me dei conta que até as pessoas aparentemente mais fortes e decididas que conhecemos se deixam, às vezes, paralisar pelo medo. Nesse caso, medo de tomar uma decisão que possa mudar o rumo das coisas.

Fiquei pensando em como convencer os outros disso e, em minutos, mudei o caminho e me vi enfrentando a situação de frente. Não adianta, dúvidas, mal-entendidos, inseguranças só são verdadeiramente resolvidos quando encarados da forma que têm de ser, com muita conversa, com muito olho no olho e não se fala mais nisso!

O problema do homem em geral, e não estou falando em questão de gênero, mas do homem como ser humano racional, é que se acovarda fácil, se deixa levar por meias palavras, entende o que bem quer – ou o que lhe for mais conveniente- e quando vê está tremendo feito criança pequena que pensa ter visto o bicho papão. É aí que mora o perigo, pois é aí que o medo age e nos impede de ir adiante.

Por isso, medo de confiar, medo de ouvir, medo de falar, medo de tentar e medo de se deixar levar não podem limitar mais as nossas ações. A vida está aí para ser vivida. Para ser reinventada, para ser construída, para ser ousada.

Não se deixe paralisar, controle os seus medos e ponha a cara na rua! Melhor se arrepender de algo que fez do que de algo que deixou de fazer por não conseguir dominar o próprio medo, certo?