sexta-feira, 13 de março de 2009

Injustiçados do Planalto Central



Não consigo entender o por quê de tantas críticas ao trabalho dos nobres membros do Congresso Nacional. Só pode ser perseguição. Primeiro, atacaram os congressistas por terem emendado o Carnaval e retomado ao trabalho quase uma semana depois da maioria dos trabalhadores brasileiros.

Eles cansam né, muita reunião sem resultado, litros e litros de cafezinho desperdiçado em debates instigantes sobre quando retomarão as sessões deliberativas e aí, retoma-se o trabalho. A pauta, claro, das mais esfuziante possíveis para o bem da nação: escolha dos novos presidentes das 20 comissões técnicas permanentes da Casa. E, pasmem, sobrou vaga até para o ex-presidente F.Collor, que se consagrou presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura. É... morro e não vejo tudo!

Pois bem, seguindo a linha de raciocínio sobre por que se persegue tanto os nobres congressistas, cabe meu reconhecimento ao presidente do Senado, José Sarney, que determinou que os servidores do seu gabinete, que receberam horas extras durante o mês de recesso parlamentar, devolvessem os recursos ao Senado. Uma atitude nobre, digna de um marimbondo de fogo como ele, que afirmou ter a intenção de “erguer a imagem do Senado”.

Atitude bonita, né? Mas duvido que vocês saibam quanto o Senado pagou em horas extras para 3.883 funcionários durante o – pasmem – recesso! Acertou quem gritou R$ 6,2 milhões. ÉÉÉÉÉ, 6,2 MILHÕES. Isso para os funcionários que ficaram até mais tarde (20h, 22h) ou trabalharam nos dias em que não houve sessão, reunião ou nenhuma atividade parlamentar que justificasse o benefício.

Continuo sem entender a perseguição... ainda mais por que os integrantes da Mesa Diretora da Câmara, tão criticados, acordaram por suspender a discussão em torno da verba indenizatória a qual têm direito. Alguns parlamentares têm defendido a extinção da ajuda mensal com a incorporação do auxílio ao salário dos parlamentares. Uma decisão brilhante! A idéia resulta em aumentar o salário dos deputados para extinguir a tal verba indenizatória.

Com isso, os parlamentares conseguirão equiparar seus salários (hoje de R$ 16,5 mil) à remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que ganham R$ 8 mil a mais. Com isso, passariam a receber R$ 24,5 mil, acabando com a necessidade da verba indenizatória, que vale hoje R$ 15 mil. Ahhhhhh, muito justo! Não entendo por que implicam tanto com o Poder.

Só pode ser perseguição mesmo, como fizeram no início do mês com Agaciel Maia, ex-diretor-geral do Senado, que acabou deixando o posto que ocupava há 14 anos, após denúncias sobre sua evolução patrimonial e compra de uma casa de cinema em Brasília. Agora, a bola da vez é o diretor de RH da Casa, João Carlos Zoghbi, que também pediu afastamento do cargo hoje, após a denúncia de que teria repassado seu apartamento funcional para um filho, recém-casado.

Poxa, o cara já tinha anunciado a intenção de devolver o apê e justificou que, por não possuir nenhum imóvel no Distrito Federal, tinha todo o direito a se credenciar para ocupar um dos imóveis funcionais do Senado, uma vez que ocupava função de diretor. O detalhe é que desde 1999, há 10 anos, ele ocupava o apartamento. É, com o salário que devia receber nesses 10 anos, não deu pra comprar um imóvel...

Mas Zoghbi já havia ganho notoriedade no ano passado, por ser um dos diretores com mais parentes empregados no Senado. Ele, que mantinha SETE parentes empregados, foi prejudicado com a decisão do STF de proibir o nepotismo nas três esferas de Poder. E, assim, teve de ver sua mulher, um filho, a nora e a cunhada perderam seus empregos.
Coitado do Zoghbi, mais um injustiçado do Planalto Central...

Um comentário:

Alvaro Neto disse...

O voto nulo é o último centímetro cúbico de dignidade que restou a quem consegue ver nestes castelos de Brasília um verdadeiro Teatro dos vampiros.