
Ontem algo me dizia que meu dia não ia acabar bem. Passei a tarde toda inquieta, agitada e com uma sensação de que alguma coisa estava fora de lugar, sabe?
O trabalho, estranhamente, não exigiu tanto de mim, a cabeça funcionou livre demais e uma ou duas mensagens sem resposta me deixaram um tanto apreensiva.
Quis encontrar uns amigos e não consegui localizá-los. Algo me dizia para não ir para a casa, vontade de voar as tranças e de não ficar sozinha até que a noite caísse. Acabei não conseguindo companhia para um vinho nem um ombro amigo para despejar minhas ansiedades. Pensei em sair para comprar um presente, desisti. Visitei minha família por uma hora e acabei ficando sozinha até a hora da saída dele.
Fui um pouco indiferente no encontro, confesso. Mas não houve nenhuma manifestação mais calorosa que me fizesse sentir segura pra falar das minhas inquietudes. Por que será que homens conseguem ser um tanto quanto indiferentes quando não são o centro da nossa atenção?
Somos, nós mulheres, as primeiras a abrir os braços para eles, a dar colo, oferecer um carinho e a ouvir – quando eles resolvem sair da defensiva e falar, é claro. Mas por que eles, por mais maravilhosos que sejam, não conseguem reagir bem ao nos verem fragilizadas?
É como se nós, amigas, namoradas, irmãs, mães, mulheres, não tivéssemos o direito a ter uns dias de introspecção, sem que nossos umbigos girem apenas em torno deles, os homens das nossas vidas.
No meu caso, foi o que bastou para levar uma escanteada. Vi que ele não dormiu bem, zanzou pela casa e, pela manhã, pediu um tempo. O resultado é que, sem choro nem vela, estou com meu porta-malas cheio com todas as minhas coisas que estavam na casa dele e com a perspectiva de ter um final-de-semana, de rara folga, bem distante do planejado.
Por que é tão difícil para eles entenderem que, às vezes, só o que a gente quer e precisa é de um abraço forte e silêncio? Vamos ver no que dá.