sexta-feira, 26 de março de 2010

Viver é aprender a acreditar na intuição


Ontem algo me dizia que meu dia não ia acabar bem. Passei a tarde toda inquieta, agitada e com uma sensação de que alguma coisa estava fora de lugar, sabe?

O trabalho, estranhamente, não exigiu tanto de mim, a cabeça funcionou livre demais e uma ou duas mensagens sem resposta me deixaram um tanto apreensiva.

Quis encontrar uns amigos e não consegui localizá-los. Algo me dizia para não ir para a casa, vontade de voar as tranças e de não ficar sozinha até que a noite caísse. Acabei não conseguindo companhia para um vinho nem um ombro amigo para despejar minhas ansiedades. Pensei em sair para comprar um presente, desisti. Visitei minha família por uma hora e acabei ficando sozinha até a hora da saída dele.

Fui um pouco indiferente no encontro, confesso. Mas não houve nenhuma manifestação mais calorosa que me fizesse sentir segura pra falar das minhas inquietudes. Por que será que homens conseguem ser um tanto quanto indiferentes quando não são o centro da nossa atenção?

Somos, nós mulheres, as primeiras a abrir os braços para eles, a dar colo, oferecer um carinho e a ouvir – quando eles resolvem sair da defensiva e falar, é claro. Mas por que eles, por mais maravilhosos que sejam, não conseguem reagir bem ao nos verem fragilizadas?

É como se nós, amigas, namoradas, irmãs, mães, mulheres, não tivéssemos o direito a ter uns dias de introspecção, sem que nossos umbigos girem apenas em torno deles, os homens das nossas vidas.

No meu caso, foi o que bastou para levar uma escanteada. Vi que ele não dormiu bem, zanzou pela casa e, pela manhã, pediu um tempo. O resultado é que, sem choro nem vela, estou com meu porta-malas cheio com todas as minhas coisas que estavam na casa dele e com a perspectiva de ter um final-de-semana, de rara folga, bem distante do planejado.

Por que é tão difícil para eles entenderem que, às vezes, só o que a gente quer e precisa é de um abraço forte e silêncio? Vamos ver no que dá.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Frase de novela


Fazia um mês mais ou menos que eu não tinha tempo, paciência nem saco para ver novela. Mas esta semana a preguiça me pegou de tal maneira, que a rotina casa-trabalho-novela tem sido minha preferida. Assim, retomei a trama do Maneco e descobri, em poucos minutos, que a Helena saiu de casa e, finalmente, caiu direto nos braços do Bruno. Ah se todas as histórias da vida real fossem como as da novela!

Pois bem, assistindo a um dos capítulos nesta semana, ouvi de alguma personagem a seguinte frase, que me fez pensar: “Quem tem um grande amor tem tudo”. Por alguns segundos aquela fala ficou batendo na minha cabeça até que eu me desse conta ... e não é que é verdade?

Quem tem um grande amor tem guarida, apoio, proteção. Tem ombro, carinho, desejo. Tem planos, idéias, metas. Tem mais frio na barriga, paciência e tempo para esperar por ele (ou ela).

Também tem pressa em voltar pra casa, aquele aperto seguido no peito e mais vontade de estar junto. Quem tem um grande amor pensa nele durante o dia, fecha os olhos e mata a saudade lembrando do cheiro, do riso, dos olhos.

Quem tem um grande amor se sente um pouco egoísta, quer exclusividade e sempre mais atenção.Quem tem um grande amor tem vinho, filme e edredon. Sofre com a ausência e tem saudade crônica.

Quem tem um grande amor acha os defeitos charmosos, as loucuras idiossincrasias e as imperfeições quase perfeitas.

Quem tem um grande amor quer construir, conhecer, evoluir. Isso não é tudo?

quarta-feira, 17 de março de 2010

Viver é superar as rabujices


Reclamar à toa é um dos esportes preferidos da gente, não é verdade? Eu mesma já poderia ter obtido no mínimo uma medalha de prata se houvesse uma Olimpíada de Reclamadores por aí. São fases – chatas, diga-se de passagem -, mas fases.

Me dou conta de como sou injusta nas minhas rabujices quando encontro pessoas extraordinárias, verdadeiros exemplos de superação e que, ao invés de se jogarem de cara na facilidade que seria estacionar no muro das lamentações - como todos nós fazemos vez que outra-, revertem qualquer expectativa negativa e, fazem, da sua maneira, toda a diferença.

Cito dois exemplos que tenho quase que diariamente aqui no prédio onde trabalho.Uma é a Bruna, a ascensorista, que é deficiente visual. A admiro desde a primeira vez que a vi, quietinha no seu banquinho, mas falastrona assim que ganha a confiança do passageiro.

Com 20 e pouquinhos anos, ela surpreende de cara por não usar óculos escuros para esconder que não enxerga ou para proteger os videntes da sua condição. Seu sonho é lançar um CD de suas cantorias e, com a simpatia que lhe é peculiar, puxa assunto e conquista a todos que circulam pelo elevador com o bom humor e alegria. Muitos, inclusive, custam a perceber a falta de visão de sua comandante.

O segundo exemplo é o da Juliana, publicitária e apresentadora da TV Assembléia, que teve uma lesão medular por conta de uma doença aos 19 anos e que hoje, aos 28, dá um verdadeiro show de autoestima, superação de limites e força de vontade a bordo de sua cadeira de rodas.

A Ju, que já dirigiu um curta sobre acessibilidade e posta relatos em um blog própio (blogcomediasdavidaaleijada.blogspot.com), comemora o lançamento, mês que vem, de um livro contando sua história de vida. Estou ansiosa para pegar o autógrafo e ter a obra nas minhas mãos, certa de que estará repleta de bons relatos, recheados de altos, baixos e curiosidades, como toda a biografia, como a vida de qualquer um de nós.

Tanto a Ju quanto a Bruna são apenas dois casos entre tantos de portadores de deficiências, e porque não dizer cegos e tetraplégicos, que conhecemos e que, com apoio, orientação adequada e força de vontade provam que as limitações e dificuldades estão aí para serem superadas, em busca de uma vida o mais independe e feliz possível!

Exemplos como esses fazem com que eu me sinta pequena diante das minhas lamúrias cotidianas e tenha vergonha de não fazer nada para superá-las. Exemplos como esses fazem com que eu me intimide por estagnar em algumas situações, quando basta uma ação para mudar tudo. Mas,principalmente, exemplos como esses me fazem sentir feliz de conhecer pessoas tão fantásticas e que, mesmo de longe e sem nem perceberem, fazem a diferença pra mim e ensinam que não devemos dar chance para tantas reclamações e rabujices!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Ah, uma banheira de espuma...


O que fazer quando tudo o que se ambiciona para os próximos dias é uma combinação de banheira de espuma com pés pra cima, um bom filme, um vinhozinho, a companhia dele e não há a menor perspectiva de ter acesso a nenhum desses desejos?

Sinceramente, tem dias que me questiono se estou fazendo a coisa certa. Trabalhar é bom, gosto de me sentir criativa e mais ainda de pagar as minhas contas – tá, confesso, nem todas! – no final do mês. Mas quando o trabalho te consome a ponto de não ter folgas frequentes, de estar sempre com aquela sensação de sono atrasado, de sentir o corpo se arrastando, é sinal de alguma coisa não vai bem, certo?

Nos últimos meses tenho a sensação de que o trabalho consome 97% do meu dia e essa é uma constatação terrível! Quando não estou escrevendo a trabalho, estou pensando na agenda seguinte, nos retornos que tenho para dar, nos compromissos que não podem ser esquecidos. Uma sensação de cabeça funcionando 25 horas por dia, isso é péssimo. Sem contar o celular funcional, verdadeira praga moderna.

O resultado disso são menos horas de sono do que o desejável, zero de exercícios físicos, má alimentação, uma inquietação que me persegue e, bingo, um bruxismo recém-adquirido, mas que está latente e me incomodando muito.

Quando o trabalho deixa de ser prazeroso e passa a dominar a gente é sinal de que a luz amarela acendeu. E agora, o que eu faço? Até o final do ano segurar a peteca me parece a melhor solução. Mas ando com uma sensação estranha de que não vou aguentar o tirão. Tenho um aperto no peito me incomodando há dias e não gosto disso. Ando mais introspectiva, quieta e um tanto irritada.

Será que hora de agir? Jogar tudo pro alto e ver no que dá? Por que não consigo me sentir confortável nem em pensar nessa hipótese?

Um porre hoje seria o ideal para pôr o pensamento em ordem. Mas, advinhem, tenho pauta no Interior de noite! Melhor deixar pra amanhã. Protelar, assim têm sido os meus dias. Minha casa está uma bagunça, o guarda-roupa virou uma montanha-russa e a cabeça, nem se fala! Algum analista de plantão?

segunda-feira, 8 de março de 2010

O valor de uma rosa tradicional


Não considero comemoração alguma nesse Dia das Mulheres inventado, embora não julgue quem comemora com festa nem adore ser taxada de sexo frágil. Reconheço o que vem por trás da data 8 de março e sei que a luta de muitas mulheres foi fundamental para que eu esteja hoje trabalhando aqui na minha mesinha, planejando em quem votar em outubro, tendo o direito de decidir se um dia casarei, terei filhos, etc e tal.

Também não considerava, de forma alguma, escrever sobre a data, ainda mais porque acabei tendo de fazendo um artigo alusivo a ela por encomenda. Mas confesso que todas as minhas teorias caíram por terra quando ganhei, hoje, uma rosa tradicional (ainda vermelha!) do meu avô de 83 anos, acompanhada de um forte abraço de “feliz dia das mulheres”.

Como eu poderia argumentar qualquer coisa, dizer que o dia é como outro qualquer, que as mulheres continuam ganhando menos que os homens, que muitas continuam apanhando de seus homens, que algumas estão chorando por não terem mais a bunda dura dos 25, que, sim, a sociedade cobra que sejamos boas mães, boas profissionais, boas amantes e mesmo com essa rotina toda ainda estejamos bem apresentáveis aos olhos masculinos?

Meu avô é da década de 20, outra cabeça, outros valores. Naquela época mulheres como eu, na faixa dos trinta, já estavam cheias de filhos, mal começavam a trabalhar fora, não dirigiam, não bebiam em público, tinham de casar virgens, votar em quem o marido indicasse, etc e tal.

O mundo é outro, evoluímos e involuimos em muitas coisas, mas o respeito que os homens da idade do meu avô têm pelas mulheres é muito diferente. Não digo que esse respeito, digno muitas vezes até de devoção, significa que eles não ciscavam for de seus galinheiros, mas o trato com a mulher era diferente. Puxava-se mais a cadeira e abria-se mais a porta, dava-se flores nas datas importantes, havia um sentimento de proteção. Pequenos gestos que estavam extrínsecos nos costumes da época e que faziam a diferença.

Claro que gosto quando me abrem a porta, quando recebo flores, mas não é o essencial, não é o que mais importa, certo? Todas queremos ser protegidas, mas pero no mucho. Por isso, nesse Dia Internacional da Mulher, em consideração ao gesto do meu querido vô Ary, desejo a todas muita coragem, ousadia, dignidade, sonhos e força para brigar pelo seu lugar ao sol e se fazer entender!

terça-feira, 2 de março de 2010

S.O.S conforto


Definitivamente, conforto é uma das coisas que passei a dar mais valor depois dos 30. Antes, qualquer canto estava bom pra eu dormir, agora exijo cama feita. Antes, ficava em qualquer barraca pra curtir um feriado. Hoje, quero um hotelzinho que pelo menos tenha um bom colchão e um chuveiro quente. Antes, um sanduíche ou uma miojo bastavam. Agora, quero conhecer restaurantes, planejo jantares, preparo comidinhas com verdadeiros rituais para os que amo.

Antes, tinha um sofá-cama duro na sala, porque era barato e bastava. Hoje, não me imagino mais sem meu mega sofazão laranja. Antes, não ligava para carro completo, queria um que apenas me levasse com segurança para bater minhas tranças. Hoje, não me imagino mais sem o ar condicionado e a direção hidráulica. Vai entender!

Pensei isso hoje, porque ao procurar na casa do meu namorado uma roupa pra vir trabalhar, quase lamentei por não ter uma sandália ou sapato de salto por perto, já que a bagagem da mochila só tinha espaço para uma melissinha e outra sapatilha também baixa. Mas aí me dei conta que há tempos tenho evitado os saltos e sapatos duros, porém elegantes. E assim também tem sido na vida. Salvo algumas situações sobre as quais realmente não posso ter ingerência, o conforto tem sido minha prioridade.

Se o trabalho impõe situações que me desagradam, não fico mais quieta. Reclamo, argumento, explodo (com classe, claro!). Desconforto verbal também não vale! Mais um final de semana sem folga? Se é inevitável, vamos lá, faz parte. Mas não me peça para sorrir ou manter o bom humor costumeiro. As pessoas percebem, perguntam o que eu tenho e não fico quieta, estou cansada, ponto.

Com os mais próximos também tenho mostrado menos tolerância. Ando
sem paciência para as reclamações de sempre, para chorumelas sem ação ou reação. Querem que eu ajude a buscar uma solução, estou a postos! Mas só choro não dá. Estagnação corrói a alma. Pessoas que muito lamentam têm me irritado, pronto, falei!

E assim tem sido com o salto alto. Tudo bem que fica mais elegante, mais bonito, alonga a minha silhueta nanica. Mas vale a pena ficar com calos, dor e machucados por dias? Sinceramente, não vale. Não preciso mais fingir que estou confortável com bicos finos, tiras apertadas e saltos de 10cm, quando na verdade sonho com um chinelinho bem fuleiro ou, melhor, com os pés descalços e pra cima por aí.Conforto é tudo, acreditem! Estamos em 2010, pra que continuar fingindo ter, ser, estar algo que não condiz com o que se quer?

Pra mim, não é o que demonstramos aos outros ou a circunstância em si que valem, mas sim o espírito com o qual enfrentamos as coisas do dia a dia, isso sim constitui o nosso verdadeiro conforto. É isso e tenho dito!