segunda-feira, 8 de março de 2010

O valor de uma rosa tradicional


Não considero comemoração alguma nesse Dia das Mulheres inventado, embora não julgue quem comemora com festa nem adore ser taxada de sexo frágil. Reconheço o que vem por trás da data 8 de março e sei que a luta de muitas mulheres foi fundamental para que eu esteja hoje trabalhando aqui na minha mesinha, planejando em quem votar em outubro, tendo o direito de decidir se um dia casarei, terei filhos, etc e tal.

Também não considerava, de forma alguma, escrever sobre a data, ainda mais porque acabei tendo de fazendo um artigo alusivo a ela por encomenda. Mas confesso que todas as minhas teorias caíram por terra quando ganhei, hoje, uma rosa tradicional (ainda vermelha!) do meu avô de 83 anos, acompanhada de um forte abraço de “feliz dia das mulheres”.

Como eu poderia argumentar qualquer coisa, dizer que o dia é como outro qualquer, que as mulheres continuam ganhando menos que os homens, que muitas continuam apanhando de seus homens, que algumas estão chorando por não terem mais a bunda dura dos 25, que, sim, a sociedade cobra que sejamos boas mães, boas profissionais, boas amantes e mesmo com essa rotina toda ainda estejamos bem apresentáveis aos olhos masculinos?

Meu avô é da década de 20, outra cabeça, outros valores. Naquela época mulheres como eu, na faixa dos trinta, já estavam cheias de filhos, mal começavam a trabalhar fora, não dirigiam, não bebiam em público, tinham de casar virgens, votar em quem o marido indicasse, etc e tal.

O mundo é outro, evoluímos e involuimos em muitas coisas, mas o respeito que os homens da idade do meu avô têm pelas mulheres é muito diferente. Não digo que esse respeito, digno muitas vezes até de devoção, significa que eles não ciscavam for de seus galinheiros, mas o trato com a mulher era diferente. Puxava-se mais a cadeira e abria-se mais a porta, dava-se flores nas datas importantes, havia um sentimento de proteção. Pequenos gestos que estavam extrínsecos nos costumes da época e que faziam a diferença.

Claro que gosto quando me abrem a porta, quando recebo flores, mas não é o essencial, não é o que mais importa, certo? Todas queremos ser protegidas, mas pero no mucho. Por isso, nesse Dia Internacional da Mulher, em consideração ao gesto do meu querido vô Ary, desejo a todas muita coragem, ousadia, dignidade, sonhos e força para brigar pelo seu lugar ao sol e se fazer entender!

2 comentários:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Fernanda que texto lindo!
Gostei demais!

Realmente para hoje podermos escolher sobre nossa própria vida, muitas mulheres lutaram bastante ao longo do tempo, porém, não podemos deixar que essa luta se perca, devemos continuar persistindo, ousando e querendo, querendo sempre superar, porque ainda há muito a conseguir, sem perder essa essência e força feminina que existe em nós e que tanto dos diferencia dos demais.

Agora a rosa do seu Avô foi realmente de deixar qualquer uma sem ação kkkk... atitude digna de um verdadeiro cavalheiro!
Adorável!

bjs

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Fernanda, achei fantástico teu texto, e me deu uma idéia de escrever um post sobre gentileza masculina kkkk, bem o fiz, gostaria que você fosse lá ver! bjs