quarta-feira, 19 de maio de 2010

Viver é Construção!


Duas semanas sem postar, duas semanas de volta ao trabalho, à cidade, à rotina. Nesse período, muita coisa mudou, mas não inteiramente, não intensamente. Algumas coisas não foram feitas para ser entendidas, mas sim sentidas, vividas, manifestadas, pensadas. E assim têm sido.

Por esses dias, só uma certeza: não faço mais planos a longo prazo. Estou, na verdade, me sentindo como uma freqüentadora do AA, que vive um dia de cada vez, sem exageros. E isso já está de bom tamanho para o meu momento!

Engraçado como uma série de emoções se confundiram nessas semanas. Como uma série de imagens passou como um filme pela minha cabeça, como uma série de trilhas sonoras tem ocupado os meus ouvidos. No momento, Construção, do Chico Buarque. Aquela música que começa com o inesquecível verso “Amou daquela vez como se fosse a última...”, mais uma das obras-primas da nossa riquíssima MPB.

Não tenho ideia do rumo que minha vida vai tomar e isso é, de certa forma, inspirador e inquietante ao mesmo tempo. Incertezas na vida pessoal e no trabalho. Em outras épocas eu, a taxada de racional em excesso, estaria à beira de um ataque de nervos se sequer imaginasse passar por isso. E não é que estou aqui, vivinha da Silva, e levando tudo isso com uma certa leveza?

As rugas na testa só vão me fazer gastar mais com botox futuramente, certo? O embrulho no estômago, se evoluísse, acabaria se transformando em uma gastrite. Sem contar os novos cabelos brancos que brotariam se eu não mudasse de atitude! Por tudo isso, resolvi que o tempo da gente é realmente o agora! Sem clichês, sem rodeios, sem choro!

Sabem aquelas passagens que ficam na cabeça da gente e se perpetuam por décadas? Um almoço com uma pessoa querida, um abraço apertado da mãe da gente, uma risada fora de hora, um choro ao ouvir aquela música, a imagem de um lugar especial visitado, um beijo inesquecível? Tudo isso vale demais e faz parte da vida da gente.

Sim, são meros momentos. Passam, mas ficam registrados como tatuagem na gente. E são esses momentos que constróem o nosso repertório, que desenvolvem roteiros, que destrancam caminhos, que nos permitem viver, sem ter que necessariamente entender o que acontece em volta.

Esse é o verdadeiro mistério que fica. Viver é se permitir, é se deixar viver! Fechar os olhos e lembrar da música do Chico. Vale a pena tentar:

“Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro ...”

Um comentário:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Que lindo Fernanda? Amei teu texto, tão vivo e tão intenso! Adorei a construção, adoro a música, amei o paralelo que você fez e a retomada!

Sorte, força, coragem e ousadia! bjs