segunda-feira, 16 de março de 2009

Pronto, sou burra! Descobri isso graças a Dom José


Apesar de nada surpresa, comento aqui a entrevista das páginas amarelas da Veja desta semana, com o arcebispo de Olinda e Recife Dom José Cardoso Sobrinho. É, aquele mesmo da excomunhão (ver post do dia 6/3). Na entrevista, ele reitera tudo o que vem barbaramente dizendo sobre o caso da menina estuprada - e que interrompeu a gravidez de gêmeos -, e firma estar com a consciência tranquila, embora admita que não esperava tamanha repercussão do caso.

O bispo reforça que a lei de Deus está acima de qualquer lei humana e que, por isso, não permite o aborto. E ainda fundamenta sua conduta ao clamor que diz ter recebido de autoridades de Roma por sua posição. “Não fui eu que excomunguei os médicos e a mãe da menina. Simplesmente mencionei o que está escrito na lei da Igreja e, por essa lei, qualquer pessoa que comete aborto está excomungada”, diz.

O pior vem agora: Lá pelas tantas, ele tem a coragem de sair com essa: “o aborto é mais grave que o estupro e que o homicídio de um adulto. Por isso a igreja estipulou essa penalidade automática de excomunhão. Qualquer pessoa inteligente é capaz de compreender isso”. Gente, eu não compreendo e acho que jamais compreenderei. Pronto, sou tão burra quanto a porta branca da minha casa!

O bispo segue com suas barbaridades e, para justificar a excomunhão, numera os nove motivos que a Igreja considera dignos dela, a saber: aborto; apostasia (abandono da religião); heresia (negar um dogma da Igreja); violência física contra o papa; consagração de um bispo sem autorização do Papa; o cisma (separação do corpo e da comunhão de uma religião); a absolvição por um sacerdote do cúmplice de um pecado da carne; violação do segredo da confissão e a profanação das hóstias consagradas.

Defendendo a manutenção da gravidez que podia levar a menina à morte, Dom José disse ainda que ela não ficaria abandonada se tivesse os gêmeos, porque “a Santa Igreja iria ajudar”. Insistiu ainda lembrando do quinto mandamento, o não matarás, para justificar a ilicitude do aborto, dando a entender que estaria matando uma vida para salvar outra: “O aborto é um crime nefando”.

Quando a entrevista se encaminha para o fim, e você acha que já leu tudo de mais nefando (parafraseando o bispo) que poderia ter saído de uma mente tão retrógrada ele compara as estatísticas do aborto no Brasil com o Holocausto e diz que o aborto é o “holocausto silencioso”. Para tranqüilizar os leitores, relata ainda que a menina não foi excomungada, porque essa sentença só se aplica a maiores de idade (Ahhhhh boooom) e lamenta não ter podido batizar os gêmeos que não nasceram, revelando que, inclusive, planejava fazer uma grande festa de batizado. Já falei e reitero: EXCOMUNHÃO JÁ!

2 comentários:

Alvaro Neto disse...

Pois é, pena que o repórter da Veja não perguntou porque a "Santa Igreja" se omitiu do verdadeiro holocausto.

AdriB. disse...

Também li essa entrevista, tapada de raiva, por sinal!

bjx