segunda-feira, 13 de abril de 2009

Mas o Brasil vai ficar rico, vamos faturar um milhão?????


Ontem, voltando do feriado pela estrada, ouvi até meu destino um CD tirado do fundo do baú, uma coletânea ótima do Legião Urbana (Mais do Mesmo, 1998), que me fez pensar- e muito. Primeiro sobre a genialidade do Renato Russo, seu timbre, suas letras e a qualidade dos músicos que formavam a banda, ainda, sem dúvida, uma das melhores da história do rock brasileiro.

Fiquei pensando que é uma pena que centenas de jovens nem saibam quem foi Renato Russo ou o Legião e o quanto estão perdendo. Também fiquei com vergonha só de lembrar da falta de qualidade das bandas que emergem diariamente no cenário nacional e, pior, fazem sucesso, vendem CDs e entopem os ouvidos da gurizada.

No entanto, o que mais me chamou a atenção foi o poder das letras das canções do Legião. Seja as que falam de amor, as que retratam o víeis depressivo do autor e, principalmente, as mais críticas, como a excelente Que país é este, lançada em 1987. Além do saudosismo, me bateu um pavor quando me dei conta que a música está por completar 22 anos. Vinte e dois (!), caramba, e está mais atual do que nunca, o que é triste.

Em mais de duas décadas muita coisa mudou, com certeza, mas, como diz o primeiro verso da música, Nas favelas, no Senado, Sujeira pra todo lado...”. É vergonhoso ter de admitir que mesmo com a redemocratização, a eleição de um “trabalhador” para a Presidência, a estabilidade da moeda, o quadro, no geral, não sofreu tanta alteração assim.

Nesse tempo todo, a política continua dando desgosto para o pobre brasileiro, otimista de nascença, que não desiste nunca. Caiu o primeiro presidente eleito pós-ditadura, reelegemos pela primeira vez um novo, intelectual e com cara de benfeitor, até o trabalhismo lograr êxito. E aí, para quem achava que a justiça seria feita, pimba, veio crise em cima de crise, é mensalão, é trato com empreiteiro, é lobby nas telecomunicações, é bolsa-fome distribuída até pra quem não passa fome, ...“mas o Brasil vai ficar rico, vamos faturar um milhão”, já dizia Renato Russo.

Costumo sempre evocar a Polyanna Moça- aquela menininha otimista dos livrinhos pré-adolescentes da Eleanor Poter- e manter meu otimismo sempre, mas confesso que pensar na música e sua atualidade tamanha, me deixou com medo... não do que virá, mas do presente. Toc,toc, toc, mangalô três vezes!

3 comentários:

Alvaro Neto disse...

Demais... eu lembrei agora, com 13 anos eu indo lá comprar o vinil no centro do Rio de Janeiro... desde aquele tempo o Brasil é o país do futuro e pelo jeito continuará sendo!

Unknown disse...

Hey! Tenho 17 anos e amo de paixão Legião :D na verdade, o que mais orgulho de mim mesma no momento é não entupir meus ouvidos com essas bandas de agora que fato, são horriveis e vendo CDs não sei como.

amei seu post :D espero um dia conseguir escrever igual você.

=*

João Madeira disse...

Gostei do post e adoro Legião,Renato, Dado, Bonfá.
Mas refleti Muito sobre uma frase que Renato diz nos minutos finais da música "1965(duas Tribos)", a frase é "eles gastam mais dinheiro com propaganda do que comprando comida para quem precisa"e é verdade pois é uma fortuna gasta em uma propaganda o que poderia ser usado em uma campanha para alimentar famintos.João(14 anos).
ouçam legião urbana que é pura cultura.