terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Conversa de pai para filho


Dando sequência à série ilimitada sobre as curiosidades da política brasileira, agora volta à tona o clã Sarney e suas falcatruas. Engraçado ver as manchetes nos principais jornais do país. A maioria anuncia: Investigação mostra esquema no Maranhão”. Notícia velha, requentada, não sei por que tem causado tanto espanto...

Para mim, espanto mesmo foi ver o ex-presidente retomar a cadeira de comandante do Senado sem grandes dificuldades, provando que político profissional está disposto a vender até a própria mãe, coitada, para manter-se no poder. Agora, uma semana depois de o marimbondo de fogo ter sido confirmado como presidente do Senado, investiga-se o envolvimento da família Sarney (mais um!) em suposto esquema de lavagem de dinheiro, fraude em licitação e desvio de recursos públicos. Que espanto!

Dados da PF dão conta de que esse provável esquema pode ter atuado no Maranhão durante o governo de Roseana Sarney (19998-2002). Ah tááá, bom explicar! E quem não lembra da misteriosa apreensão de dólares de uma empresa dela e do marido, em 2002, na fase de pé-campanha de Roseana à Presidência da República? Buscando provas de um suposto envolvimento dela com o desvio de verbas da extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), os agentes apreenderam na época mais de 26 mil notas de R$ 50, que somavam R$ 1,34 milhão sem origem definida.

O escândalo e a falta de explicação contundente para a origem do montante implodiram a candidatura da filha Sarney – uma das favoritas para a sucessão presidencial à época - e geraram diferentes versões para o surgimento e destino do dinheiro: pagamento de pessoal, compra de madeira, aquisição de chalés e contribuição eleitoral, por exemplo.
Agora, quase sete anos depois, quando José Sarney consegue voltar à apoteose, a PF quer investigar se o clã se valeu de contatos com pessoas indicadas pelo senador a cargos em estatais para obter vantagens em obras públicas. Seráááá´?

Como provas da suspeita, há a gravação de uma conversa do Pai Sarney com o filho Fernando, na qual os dois combinavam usar as empresas de comunicação da família para rebater um artigo de Anderson Lago, primo do atual governador do Maranhão, Jackson Lago, inimigo político do clã. No diálogo, o presidente do Senado pergunta ao filho se ele havia recebido informações da Abin, supostamente sobre um processo judicial sigiloso. Sabe qual foi reação do Pai Sarney? Justificou a conversa dizendo que o diálogo nada mais era do que uma “conversa de pai para filho”:

É uma coincidência muito grande que no momento de uma disputa eleitoral (no caso a eleição dele para a presidência do Senado) essas notícias apareçam”, manifestou o senador e, hoje, aliado ferrenho do presidente Lula.

Alguma dúvida de que tudo ficará por isso mesmo???

Um comentário:

Alvaro Neto disse...

Voto nulo é a última instância que restou ao cidadão. Independente do partido, políticos são o vazamento anacrônico que está bem no meio do encanamento que deveria fazer fluir da fonte do que é arrecadado o que falta aos necessitados.

Só existe insegurança, falta de acesso à saúde, déficit habitacional ebaixa renda porque há políticos no mundo.

Vai chegar o dia em que serão abolidos e então a humanidade encontrará um caminho de prosperidade.