segunda-feira, 25 de maio de 2009

Voando as tranças


No último final de semana me reencontrei um pouco com um passado nem tão distante, época em que eu trabalhava no Interior. Passei por algumas cidades e estradas antes familiares e que me resgataram muitas lembranças, na maioria boas.

O cheiro de terra, as paisagens tomadas de campos verdes de soja (secos, mas ainda assim bonitos) e amarelos de milho, tudo como era antes. Aquela paisagem colorida e bucólica que, para uma porto-alegrense da gema, como eu, só se vê em fotos. A grandiosidade prateada dos imensos silos espalhados pela estrada e a terra, muita terra verde pelo caminho, me fez agradecer por nascer em um estado rico e pujante como o nosso.

Certa vez viajei por uma pequena parte do interior de Pernambuco e lembro de ter me espantado com a aridez da paisagem, com a seca, a falta de verde e de vida, inversamente proporcional à paisagem que temos por aqui.

Mas nessa minha rápida volta ao Planalto Médio, o que me chamou mais a atenção foi a pressa das pessoas. Foi-se o tempo em que cidades do Interior eram sinônimo de atraso.

Hoje em dia, as lanhouses dominam as avenidas principais, as lojas exibem a mesma moda que encontramos em qualquer shopping de “cidade grande” e os carros, em número cada vez maior, poluem as avenidas da mesma forma que nas grandes metrópoles. Uma pena, resultado da tal globalização?

Talvez o que ainda diferencie o povo “interiorano” dos cidadãos que vivem nas capitais é a hospitalidade, o jeito alegre de receber o visitante e de se colocar à disposição. Sempre solidário, com um sorriso no rosto e demonstrando prazer em ajudar ao próximo.

Apesar da crise pela qual passam as cidades do Interior, a beleza dos prédios históricos e dos hotéis de arquitetura antiga ainda são de encher os olhos de pessoas que, como eu, não têm parentes fora de Porto Alegre. Não conheço nem uma centena das 496 cidades gaúchas, mas, apesar do desgaste de viajar mais de mil quilômetros em um mero final de semana, posso dizer que sempre vale a pena fazer uma mala e voar as tranças por aí.

Deixar de olhar apenas para o próprio umbigo e tirar sempre alguma percepção boa da situação pela qual passamos, é isso que devemos sempre levar e conta. Se o trabalho nos obriga a fugir da companhia daqueles que amamos ou nos afasta dos confortos da cidade, okay, vamos conhecer lugares e paisagens novas, trocar impressões e, acima de tudo, vivenciar. Ou não é para isso que estamos aqui, hein?

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